É a grande novidade da temporada. A Liga dos Campeões mudou de formato, aumentou o número de jogos e abriu a porta a mais quatro participantes, o que naturalmente obriga a um esforço adicional de clubes, equipas e jogadores que nos últimos anos já têm visto as principais competições alargarem as exigências. A justificação é sempre a mesma, a vontade de dar mais e melhor aos adeptos — mas existem custos.
E desta vez, numa fase em que muitos jogadores já recordaram que é preciso ter conta, peso e medida na hora de dilatar os formatos das competições, foi a vez de Alisson alertar para o problema. “Para os adeptos é fantástico, mais jogos, mais jogos grandes. Para nós, jogadores, é bom defrontarmos os melhores da Europa. E é sempre uma boa ideia acrescentar mais uns jogos a um calendário que só por si já não estava sobrecarregado… Estou a ser irónico, claro! Ninguém pergunta aos jogadores o que acham sobre isto”, começou por dizer o guarda-redes do Liverpool, que esta terça-feira arranca a Liga dos Campeões em Itália e contra o AC Milan.
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“Talvez a nossa opinião não interesse, mas todos sabem o que pensamos sobre o assunto. É uma questão de nos sentarmos e de ouvirmos todas as partes. Há os media, a UEFA e a FIFA, a Premier League, as provas internas… Não somos estúpidos e entendemos isso. Compreendemos que as pessoas querem mais jogos. Mas o mais razoável seria que todos esses que citei, aqueles que fazem o calendário, se sentassem todos juntos e ouvissem todas as partes, incluindo os jogadores”, acrescentou o internacional brasileiro.
Ainda na mesma conferência de imprensa, onde também sublinhou a alteração de formato do Mundial de Clubes, Alisson defendeu que os jogadores estão a ser levados ao limite. “Muitos jogadores já falaram sobre isso e precisamos de ser ouvidos. Precisamos de nos sentar e de perceber em que direção é que o futebol caminha. Não basta arranjar jogos, competições, acrescentar isto e aquilo. Queremos oferecer o nosso melhor futebol, mas se estivermos cansados não podemos competir ao mais alto nível. Quero dar o meu melhor em todos os jogos e temos de encontrar uma solução. Não me parece que estejamos perto de uma boa solução para o futebol e para os interesses dos jogadores”, terminou.
Já esta terça-feira, e seguindo a mesma linha de pensamento, foi a vez de Rodri abrir a porta à possibilidade de os jogadores avançarem para uma greve. “Acho que estamos a aproximar-nos desse cenário. É fácil perceber que é uma coisa generalizada, podem perguntar a qualquer jogador que todos irão dizer o mesmo. Se tudo continuar assim, vamos chegar a um momento em que não teremos outra opção. Mas vamos ver”, explicou o médio espanhol na antevisão da receção desta quarta-feira do Manchester City ao Inter Milão.