O presidente da Assembleia da República manifestou esta terça-feira profunda consternação pelos incêndios no centro e norte do país, expressou condolências pelas sete vítimas mortais, mas, para já, não antecipou qualquer mudança na agenda parlamentar.

José Pedro Aguiar-Branco falava aos jornalistas após ter recebido em audiência na Assembleia da República o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes.

“Temos assistido com grande consternação às várias situações que têm ocorrido no país, com consequências de perdas materiais e de vidas humanas”, afirmou o presidente da Assembleia da República.

Pelo menos sete pessoas morreram e 40 ficaram feridas, duas com gravidade, nos incêndios que atingem desde domingo a região norte e centro do país, como Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, distrito de Aveiro, destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas, como a A1, A25 e A13. As mais recentes vítimas são três bombeiros que morreram esta terça-feira num acidente quando se deslocavam para um incêndio em Tábua, distrito de Coimbra.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Perante os jornalistas, o presidente da Assembleia da República disse estar a acompanhar a evolução dos incêndios “com grande consternação”.

“Em nome da Assembleia da República, em nome dos 230 deputados, queria transmitir as nossas condolências a todos os familiares dos que perderam a vida. Também que tive a oportunidade de transmitir as condolências à Liga dos Bombeiros Portugueses pelos quatro bombeiros que, na luta por aquilo que é a defesa de todos nós, dos bens materiais e humanos, também pereceram neste combate”, referiu o antigo ministro social-democrata.

O presidente da Assembleia da República manifestou depois o seu desejo de que “a situação possa ser ultrapassada com a maior rapidez possível”.

“E tudo faremos, no âmbito da Assembleia da República, para poder colaborar nesse sentido”, disse.

Interrogado sobre a coordenação entre os diferentes órgãos de soberania, José Pedro Aguiar-Branco salientou que a Assembleia da República, ao contrário do Governo, não é um órgão operacional.

“Aquilo que está a ser feito parece-nos que é o que tem de ser feito e corretamente feito. Acompanhamos a par e passo de modo a que, se eventualmente houvesse necessidade de se recorrer à Assembleia para qualquer momento de emergência a que a isso obrigasse, estarmos a par e a acompanhar essa situação”, disse.

Questionado se serão introduzidas mudanças na agenda parlamentar dos próximos dias por causa dos incêndios, o presidente da Assembleia da República respondeu: “Neste momento ainda não temos nenhuma previsão de que haja necessidade de se parar com os trabalhos parlamentares”.

“Se isso vier a ser útil de alguma forma para aquilo que é o desafio de que todos temos de combater esta situação, fá-lo-emos. Mas a democracia não para e o trabalho parlamentar também é exigente. Porém, não deixará de ser avaliado se essa situação se colocar como uma necessidade”, ressalvou.

Desde domingo, as chamas chegaram aos distritos do Porto, em Gondomar, de Braga, em Cabeceiras de Basto, de Viseu, em Penalva do Castelo e Nelas (com seis feridos), e de Castelo Branco, em Louriçal do Campo. Mas foi o distrito de Aveiro, com 10 mil hectares já ardidos, o centro dos maiores focos de incêndio, em Oliveira de Azeméis, Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Águeda.

O Governo alargou até quinta-feira a situação de alerta devido ao risco de incêndios, face às previsões meteorológicas, e anunciou a criação de uma equipa multidisciplinar para lidar com as consequências dos fogos dos últimos dias, coordenada pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, que teve esta terla-feira a sua primeira reunião em Aveiro.