A Rússia advertiu esta sexta-feira contra uma operação israelita em grande escala no Líbano e apelou para que se evite um “cenário catastrófico”.

“Estamos convencidos de que o lançamento de uma operação militar em grande escala no Líbano terá consequências devastadoras para a segurança de todo o Médio Oriente”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.

“É necessário evitar esse cenário catastrófico”, afirmou Zakharova num fórum em São Petersburgo.

As tensões na região aumentaram depois de duas vagas de explosões simultâneas na terça e na quarta-feira de milhares de dispositivos de comunicação de membros do Hezbollah terem matado 37 pessoas e ferido cerca de 3.000 em território libanês.

A Rússia condenou anteriormente os ataques “sem precedentes” como “uma violação grosseira” da soberania do Líbano e “um sério desafio ao direito internacional através da utilização de armamento não-convencional”.

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Zakharova, citada pela agência noticiosa russa TASS, instou mais uma vez todas as partes envolvidas a usarem de contenção e a cessarem as hostilidades.

A Rússia está pronta a “cooperar estreitamente com os parceiros regionais e internacionais para reduzir as tensões e estabilizar a situação político-militar” no Médio Oriente, acrescentou, segundo a agência espanhola EFE.

O exército israelita confirmou, na quinta-feira, ter realizado ataques aéreos contra cerca de 100 lançadores de mísseis pertencentes à milícia xiita libanesa Hezbollah, alguns dos quais “prontos a disparar contra Israel”.

O canal de televisão libanês Al Manar, que pertence ao Hezbollah, relatou mais de 50 ataques israelitas perto da fronteira na quinta-feira à noite.

A Agência Nacional de Notícias libanesa (ANN) confirmou o bombardeamento de zonas na região de Jezzine, longe da fronteira comum, mas dentro do raio de ação anteriormente coberto por Israel.

Esta foi a segunda vaga de bombardeamentos do sul do Líbano por Israel na quinta-feira, depois de o exército ter bombardeado mais de 30 plataformas de lançamento e infraestruturas pertencentes ao Hezbollah durante a tarde.

O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou na quarta-feira que o “centro de gravidade” da guerra estava a deslocar-se “para o Norte” de Israel, que faz fronteira com o Líbano.

O recrudescimento dos combates entre Israel e o Hezbollah, um grupo apoiado pelo Irão com um peso militar e político significativo no Líbano, suscitou o receio de uma expansão do conflito no Médio Oriente.

O Hezbollah tem atacado posições no norte de Israel a partir do sul do Líbano em apoio ao grupo extremista palestiniano Hamas, que enfrenta uma ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza desde há 11 meses.

A ofensiva foi desencadeada pelo ataque do Hamas em solo israelita, em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns que foram levados para Gaza.

A resposta israelita na Faixa de Gaza provocou já mais de 41.200 mortos e uma crise humana de grandes dimensões, além da destruição de importantes infraestruturas do enclave palestiniano controlado pelo Hamas desde 2007.