A Associação de Unidades de Saúde Familiar defendeu este domingo que o processo de vacinação funciona melhor, com mais inoculações, quando centrado nos centros de saúde em vez de nas farmácias e que a época gripal passada o comprovou.

Em comunicado, a Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar (USF – AN) diz que os dados estatísticos demonstram que, na época gripal 2023/2024, a centralização da vacinação nas farmácias, numa fase inicial, “colocou em causa todo o processo, ficando associado ao aumento do número de casos graves de gripe (que necessitaram de internamento em unidades de cuidados intensivos), mais do dobro, e a um pico de casos (o maior dos últimos 12 anos)”.

Segundo a associação, quando o processo estava centrado nos centros de saúde “sempre correu bem” e “Portugal era dos melhores do mundo nesta vacinação, dos poucos países que atingia as metas da Organização Mundial da Saúde”, e critica o Governo passado (PS) e a Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde de terem decidido alterar o processo, sem fundamentação técnica e “desorganizando tudo e tendo pior desempenho”.

Para a USF – AN, ao contrário do que diz o ex-ministro da saúde Manuel Pizarro, o que se passou no ano passado “não foi um aumento dos locais de vacinação”, mas “o desvio da maioria (83%) das vacinas dos centros de saúde para as farmácias”. Em resultado, acrescenta, os centros de saúde queriam vacinar os utentes mas não tinham vacinas, enquanto as farmácias não conseguiam vacinar em tempo útil.

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Considera mesmo que o anterior Governo socialista assumiu esse fracasso quando, “no final de novembro de 2023, pediu que os centros de saúde tomassem conta do processo”, mas que “já era tarde”.

“Chega-se à conclusão que o processo de vacinação quando foi centrado nos centros de saúde foi sempre mais ágil e com maior número de inoculações e no tempo útil necessário”, lê-se no comunicado.

A USF – AN diz ainda que o atual Governo (PSD/CDS-PP) vai “ao encontro das exigências das farmácias” ao aumentar em 50 cêntimos o valor de administração de cada vacina nas farmácias, para três euros, quando considera que “os centros de saúde poderiam, como em anos anteriores, fazer todo o processo”.

A campanha de vacinação sazonal arrancou na sexta-feira com quase cinco milhões de vacinas contra a gripe e a covid-19 para administrar. O Governo decidiu que excluir da vacinação das farmácias as pessoas com 85 anos ou mais.

Em artigo de opinião publicado na quarta-feira no jornal Público, o ex-ministro Manuel Pizarro considerou essa decisão “um erro” e uma discriminação que põe em causa a saúde pública, apelando ao executivo para que reverta a decisão.

Já a Ordem dos Farmacêuticos (OF) tinha considerado que “seria benéfico” continuar a permitir a vacinação desta população nas farmácias comunitárias.

Na quinta-feira, a Direção-Geral da Saúde esclareceu que a exclusão da vacinação das farmácias a pessoas com 85 anos ou mais deve-se a “questões de logística” face à disponibilidade de vacinas contra a gripe de dose elevada e número de postos.

O Governo vai gastar 7,6 milhões de euros com a vacinação contra a covid-19 e a gripe nas farmácias e quer ter mais pessoas vacinadas até ao final de novembro do que em 2023.