O Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova Iorque, pediu este domingo a Israel que pare de assediar a rede de televisão Al-Jazeera” e considerou que a ordem de fecho dos escritórios na Cisjordânia ataca o direito do público a ser informar.

Para o diretor do CPJ, Carlos Martínez de la Serna, a operação deste domingo, que se soma ao recente fecho do canal de televisão em Israel, “ataca gravemente o direito do público à informação sobre a guerra, uma guerra que ceifou tantas vidas” na região.

“Os jornalistas da Al-Jazeera devem poder reportar este momento crítico, e sempre”, disse De la Serna no comunicado divulgado este domingo, pedindo a Israel que pare de assediar a rede de televisão.

A Al-Jazeera anunciou que as forças israelitas invadiram a redação em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, da estação de televisão do Qatar e emitiram uma ordem de encerramento por 45 dias.

Este encerramento soma-se às restrições que o exército israelita impôs aos meios de comunicação de todo o mundo para aceder a Gaza. Apenas alguns meios de comunicação norte-americanos conseguiram entrar na Faixa de Gaza, sempre integrados no exército israelita e aceitando as suas condições.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A cadeia de televisão do Qatar considerou “criminosa” a rusga e que esse ato “não é apenas um ataque” contra si, “mas uma afronta à liberdade de imprensa e aos próprios princípios do jornalismo”.

Num comunicado, o exército israelita argumentou que o escritório do canal de televisão em Ramallah estava a ser “utilizado para incitar ao terror”, acusação considerada “infundada” pela Al-Jazeera, que continuou a transmitir em direto a partir de Amã, na Jordânia.

O Governo da Faixa de Gaza, controlado pelo movimento islamita palestiniano Hamas, condenou veementemente a decisão de encerrar os escritórios da Al-Jazeera em Ramallah, considerando-a como um “crime e uma clara violação do direito internacional”.

A 12 de setembro, o Governo israelita anunciou a retirada de acreditações aos jornalistas da Al-Jazeera, cujas emissões já tinham sido proibidas em inícios de maio por, alegadamente, violarem a segurança do Estado.

O diretor do gabinete de imprensa governamental, Nitzan Chen, disse que a Al-Jazeera “ultrapassou linhas vermelhas” desde o ataque de 07 de outubro de 2023 do Hamas a Israel, em que foram mortas 1.194 pessoas, na maioria civis, e sequestradas 251, e que serviu de detonador para a guerra desde então em curso na Faixa de Gaza.

A justiça de Israel aceitou em finais de julho um pedido do Governo para proibir as emissões da Al-Jazeera, acusando-a de levar a cabo uma “verdadeira violação da segurança do Estado”. A decisão do tribunal alegou que o conteúdo do canal tinha incitado a ataques terroristas.

O Governo israelita bloqueou o portal da Al-Jazeera na Internet, confiscou o seu equipamento e encerrou as suas instalações em Jerusalém no início de maio.

Fundada e financiada pela família real do Qatar, a Al-Jazeera é um dos canais com maior número de jornalistas na Faixa de Gaza.