O destino do campeão nacional cruzou-se com o de uma equipa que se estreia no principal escalão do futebol português. A sexta jornada da I Liga ficou, naturalmente, marcada pela receção do líder absoluta Sporting ao modesto AVS, que há dois anos nem sequer existia. Trata-se de uma equipa criada depois de a sua SAD ter entrado em rutura com o Vilafranquense, que lá conseguiu estabelecer-se na Vila das Aves, mas que nada tem a ver com o histórico Desportivo das Aves que conquistou a Taça de Portugal de 2018 frente aos leões. Assim, o jogo de Alvalade foi o primeiro de sempre entre as duas equipas.

No ano passado não existia, esta época subiu ao principal escalão: AVS vence Portimonense e vai estrear-se na Primeira Liga

Os últimos tempos vinham a ser francamente positivos para o Sporting, que era, naturalmente, considerado favorito à partida para este encontro. Os leões vinham de cinco vitórias em cinco jornadas realizadas no Campeonato Nacional e, se alargarmos o plano, a tendência em casa era de 19 vitórias nos últimos 19 jogos. Essa imagem podia resumir a última semana do conjunto de Alvalade que, depois de ter somado mais uma goleada interna (0-3 em Arouca), evidenciou-se na estreia na Liga dos Campeões, na receção ao Lille (2-0). Contudo, as piores notícias chegaram depois: Gonçalo Inácio, Edwards e Pote lesionaram-se e era baixas confirmadas para este encontro. O trio juntou-se a um lote de lesionados agora composto por oito jogadores e do qual se destaca ainda a presença dos titulares Kovacevic e Eduardo Quaresma.

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Ficha de jogo

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Sporting-AVS, 3-0

6.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José de Alvalade XXI, em Lisboa

Árbitro: Ricardo Baixinho (AF Lisboa)

Sporting: Franco Israel; Zeno Debast, Ousmane Diomande, Matheus Reis (Iván Fresneda, 75′); Geovany Quenda (Geny Catamo, 70′), Daniel Bragança (Hidemasa Morita, 70′), Morten Hjulmand, Nuno Santos; Francisco Trincão (Ricardo Esgaio, 75′), Conrad Harder (Maxi Araújo, 59′) e Viktor Gyökeres

Suplentes não utilizados: Diego Callai; João Simões, Bruno Ramos e Miguel Alves

Treinador: Rúben Amorim

AVS: Guillermo Ochoa; Fernando Fonseca, Baptiste Roux, Cristian Devenish, Kiko Afonso; Gustavo Assunção (Giorgi Aburjania, 83′), Jaume Grau; John Mercado (Samuel Granada, 64′), Lucas Piazón (Luís Silva, 63′), Issiaka Kamate (Rafa Rodrigues, 45’); Babatunde Akinsola (Vasco Lopes, 45’)

Suplentes não utilizados: Simão Bertelli; Jorge Teixeira, Léo Alaba e Jonatan Lucca

Treinador: Vítor Campelos

Golos: Harder (15’) e Gyökeres (45+4’ e 71′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Roux (39’), Devenish (51′) e Gustavo Assunção (65′)

“Olhamos muito para a forma de jogar desta equipa e, principalmente, para o Gil Vicente da época passada, em especial no jogo em Alvalade, porque na segunda volta já não tinham o mister Vítor Campelos. Temos algumas dúvidas de como se vão apresentar defensivamente. Na parte ofensiva não costuma mudar muito. Fomos fazer um reconhecimento para ser mais fácil para os nossos jogadores. Olhámos para tudo e tentámos não transmitir muitas dúvidas aos jogadores. Sabemos como vão atacar e defender neste jogo”, assumiu Rúben Amorim no sábado, na conferência de imprensa de antevisão da partida.

Pela frente estava o AVS que, apesar de estar pela primeira vez no convívio dos grandes, até apresentou bons resultados no arranque da temporada, somando duas vitórias — V. Guimarães (casa, 1-0) e Rio Ave (casa, 1-0) — e um empate — Nacional (casa, 1-1) — nos cinco jogos até aqui realizados. Contudo, o cenário era desanimador se se tivesse em conta os jogos fora da Vila das Aves, já que foi aí que o AVS somou as derrotas. “Os jogadores vão estar motivados. Jogar em grandes palcos motiva os jogadores. Os níveis de motivação vão estar bem altos. Tentei passar uma mensagem de confiança para acreditarem na sua qualidade, pois já fizemos coisas boas este ano e podemos continuar a fazer”, partilhou, por sua vez, Campelos.

Com as contrariedades, Amorim acabou por conceder mesmo a titularidade a Conrad Harder, que atuou ao lado de Gyökeres e Trincão. No lugar de Inácio jogou Matheus Reis, ao passo que Daniel Bragança substituiu Morita e Nuno Santos atuou no lado esquerdo, em detrimento de Geny Catamo. Para além disso, o técnico leonino chamou três jogadores da equipa B e dos juniores: Miguel Alves, Bruno Ramos e João Simões. Já Campelos também teve de fazer uma alteração forçada, retirando Rodrigo Ribeiro — que pertence aos leões — por Babatunde Akinsola.

Como seria de esperar, o Sporting entrou dominador e a controlar a posse de bola, em parte devido à estratégia do AVS, que se remeteu ao seu meio-campo e a defender, apostando numa linha defensiva com cinco elementos, já que Fernando Fonseca baixou para central e Kamate para lateral. Ainda assim, os leões conseguiram superar a linha defensiva e, nas primeiras oportunidades, Ochoa impediu o golo a Gyökeres (10′) e Trincão (12′) com duas defesas ao seu nível. Contudo, pouco depois, Hjulmand tabelou com o sueco e desmontou a defesa adversária, servindo Harder para o seu primeiro golo com a camisola leonina (15′).

Apesar da vantagem, os leões tiraram o pé do acelerador e continuaram com as investidas em direção à baliza nortenha, que continuou com um praticamente intransponível Ochoa. Na sequência de um livre, Gyökeres cabeceou com perigo, mas o internacional mexicano voltou a parar o remate (19′). Trincão continuava endiabrado na direita e, depois de romper a defesa, tentou o cruzamento, a bola foi cortada, mas Bragança recuperou-a em posição perigosa, só que o tiro saiu ao lado (25′). Seguiu-se nova ocasião do avançado internacional português que, isolado, viu Ochoa negar-lhe o golo com o ombro (31′). A fechar a primeira parte, o trio escandinavo voltou a aparecer, Hjulmand roubou a bola e Harder isolou Gyökeres, que marcou pelo nono encontro seguido — incluindo seleção — (45+4′).

Ao intervalo, Campelos procedeu a duas alterações, retirando Akinsola e Kamate do ataque em detrimento de Rafa Rodrigues e Vasco Lopes, o que obrigou Kiki Afonso a subir no terreno de jogo. Com a partida bem mais calma, Rúben Amorim aproveitou para dar minutos a Maxi Araújo, que entrou para ocupar a mesma posição de Harder (59′). O técnico do AVS respondeu com novas alterações no ataque, mas a sua equipa continuou inofensiva. Quem ficou perto de fazer a rede abanar foi Maxi Araújo que, com um cabeceamento perigoso, viu a bola sair ligeiramente ao lado (63′). A única contrariedade da partida para a formação da casa acabou por ser a saída de Bragança por lesão, depois de ter sofrido uma entrada dura de Gustavo Assunção.

Foi através de um contra-ataque de Trincão que Gyökeres chegou ao segundo bis da temporada, numa jogada em que recebeu à entrada da área, driblou um adversário e rematou cruzado para o golo (71′). Logo a seguir, Maxi ficou novamente perto de marcar, mas desta feita acertou no poste (75′). Para a reta final da partida, Amorim voltou a refrescar a equipa e aproveitou para estrear Ricardo Esgaio na presente temporada. Quem também entrou foi Fresneda, que voltou a ser testado como central pela direita e viu Ochoa continuar a brilhar apesar do resultado, desta feita a parar um cabeceamento picado de Diomande. Terminada a partida, o Sporting manteve a senda totalmente vitoriosa e voltou a destacar-se do FC Porto na liderança isolada.