O PS, BE, PCP, Livre e PAN apontaram esta sexta-feira para a necessidade de o Governo intervir no centro comercial Stop, no Porto, posição criticada pelo PSD, Chega, IL e CDS-PP que consideraram que a esquerda está “a politizar” o assunto.

A 18 de julho do ano passado, 105 das 126 lojas do centro comercial Stop, onde maioritariamente funcionam salas de ensaio de música e estúdios, foram seladas pela Polícia Municipal do Porto, deixando quase 500 artistas e lojistas sem terem para onde ir.

A operação foi motivada por “falta de licenças de utilização para funcionamento”, bem como por “falta de condições de segurança”, garantiu à época o município.

Depois de muita contestação, o centro comercial reabriu a 4 de agosto desse mesmo ano com um corpo dos bombeiros em permanência à porta, que só de lá saiu no passado mês de julho, após uma inspeção ter concluído estarem reunidas as condições de segurança.

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Esta situação motivou esta sexta-feira um debate em plenário da Assembleia da República onde o deputado do PCP Alfredo Maia falou na urgência de se tomarem medidas para transformar aquele centro comercial num “espaço digno”, tarefa que entendeu caber ao Governo que acusou de “ser indiferente” à situação.

Já para Jorge Pinto, do Livre, o STOP é “o grande pulmão cultural do Porto”, motivo pelo qual se deve exigir que assim se mantenha dando condições de segurança a todos os artistas que ali desempenham a sua atividade.

A deputada do PAN, Inês Sousa Real, que sugeriu a criação de uma rede nacional de residências artísticas, salientou que “está mais do que na hora de investir na arte e cultura” e de reconhecer os espaços artísticos como de interesse cultural para se evitarem situações como a do Stop.

Na opinião de José Soeiro, do BE, o Stop foi-se tornando nos últimos anos “a verdadeira casa da música do Porto” devendo, por isso, o Governo contribuir para a sua manutenção.

Também a deputada do PS, Rosário Gambôa, classificou o Stop como um “projeto cultural único no país e um dos mais importantes centros de criação musical”, o que devia convocar a autarquia, liderada pelo independente Rui Moreira, a ser parte interessada na sua proteção.

Do lado da direita, o deputado do PSD, Alberto Machado, recordou que o Stop é uma propriedade privada que não cumpria os requisitos de segurança, acrescentando que “a tentativa de politização deste assunto por parte de coletivos da extrema-esquerda não colheu juntos dos reais interessados na resolução destes problemas”.

João Pinho de Almeida, do CDS-PP, apontou que o “Estado não tem, neste momento, mais a fazer” nesta matéria, frisando dever ser a câmara a apoiar estes artistas.

Também Carlos Guimarães Pinto, deputado da IL, entendeu que a Assembleia da República “não é o local certo” para tratar deste assunto que deve ser resolvido localmente, apesar das preocupações “serem válidas”.

Pelo Chega, Patrícia Carvalho vincou que “não deve ser o Estado a suportar tudo” no país e criticou a esquerda e a extrema-esquerda por quererem transformar a política cultural nacional “na sua passadeira vermelha para obtenção de ganhos políticos”.