Os “portugueses não querem novas eleições” e “não compreenderiam” que os políticos não encontrassem um consenso para aprovar o Orçamento do Estado para 2025 e, assim, evitar “termos uma terceira eleição em três anos”. O aviso é de José Pedro Aguiar Branco, presidente da Assembleia da República que, em entrevista ao jornal Público e Rádio Renascença, pede que não se transforme a discussão do Orçamento do Estado numa espécie de “moção de censura” ao Governo em funções.
“Quando estamos a discutir o orçamento temos de ter em atenção o compromisso que, enquanto deputados, fazemos com os eleitores, que votaram para uma
legislatura de quatro anos”, afirma José Pedro Aguiar Branco, acrescentando que “quer o Luís Montenegro, quer o Pedro Nuno Santos, quer o André Ventura têm esse compromisso”. “Devemos, todos, fazer um esforço e não transformar este debate numa moção de censura”, conclui, assinalando, ainda, que a negociação entre os partidos deve ser “discreta” e “recatada”.
Aguiar Branco recorda a sua própria eleição para presidente da Assembleia da República, por dois anos, como um exemplo de como, “num momento delicado”, foi possível chegar a um consenso entre as principais forças políticas. Aguiar Branco irá desempenhar o cargo durante dois anos (depois virá alguém mais ligado ao Partido Socialista) mas o responsável recusa que seja um presidente “a prazo”: “A prazo estamos sempre… O prazo é que pode ser diferente“, ironiza.
Na altura, perante uma situação complicada de impasse, foi possível chegar a um consenso. Se foi possível num momento delicado, por que não chegar a consenso no orçamento? Porque não chegar ao consenso que o povo português espera que tenhamos?”
Questionado pelo Público sobre se equacionaria uma candidatura às eleições presidenciais, Aguiar Branco diz-se “focado na função de presidente da Assembleia da República”. “Quando a pessoa está numa função e pensa noutras coisas faz mal as duas”, afirma o presidente do parlamento português.