O barco afundou-se na sexta-feira à noite perto de El Hierro, uma das ilhas do arquipélago espanhol das Canárias.

Todos os 84 ocupantes da embarcação eram homens e um dos corpos resgatados era o de um adolescente entre 12 e 15 anos, disseram fontes dos serviços de emergência da ilha à agência espanhola EFE.

As mesmas fontes contaram que foram os próprios ocupantes da embarcação que alertaram os serviços de emergência para o local onde se encontravam e que o salvamento ocorreu durante a noite.

Um familiar de um dos passageiros disse à organização não-governamental (ONG) espanhola Caminando Fronteras que as 84 pessoas partiram da Mauritânia em direção às Ilhas Canárias.

Segundo o familiar, além de vários adolescentes, estavam no barco pelo menos quatro crianças com idades compreendidas entre os 7 e os 11 anos.

Elementos da Guardia Civil e do Salvamento Marítimo estavam na manhã deste sábado na zona de Las Playas à procura de mais corpos.

No início de setembro, o naufrágio de um barco que transportava migrantes que tentavam chegar à Europa já tinha feito pelo menos 39 mortos ao largo da costa do Senegal, segundo a agência francesa AFP.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Milhares de migrantes perderam a vida nos últimos anos ao tentarem a perigosa rota atlântica para a Europa a partir de África, principalmente através das Canárias, a bordo de embarcações sobrelotadas e muitas vezes em mau estado.

No final de agosto, Espanha assinou acordos com a Mauritânia e a Gâmbia para reforçar a cooperação contra os passadores de migrantes ilegais para a Europa e a favor de uma migração regulada.

Até 15 de agosto, 22.304 migrantes tinham chegado às Canárias desde o início do ano, em comparação com 9.864 no mesmo período de 2023, o que representa um aumento de 126%.

No conjunto de Espanha, o aumento é de 66% (de 18.745 para 31.155).

A rota entre África e as Canárias é uma verdadeira “rota da morte”, uma vez que as travessias são feitas a bordo de jangadas sobrelotadas e mal equipadas para resistir às correntes muito fortes naquela parte do Atlântico.

Algumas das embarcações partem de uma distância de até mil quilómetros das Canárias.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), uma agência da ONU, pelo menos 4.857 pessoas morreram ou desapareceram nesta rota marítima desde 2014.

Mas o número real será muito mais elevado. A Caminando Fronteras, que avalia o número de vítimas com base nos testemunhos dos sobreviventes, calcula que 18.680 pessoas morreram ao tentar chegar à Europa.