A Tesla continua a enfrentar dificuldades algo estranhas na fábrica que montou na Alemanha, em Berlim. As mais recentes dizem respeito ao absentismo, uma vez que os seus funcionários recorrem a baixas por doença a um ritmo três vezes superior à média da indústria automóvel germânica. Depois de várias tentativas (mais convencionais) para limitar os danos provocados por excesso de baixas na linha de produção, a marca norte-americana adoptou uma estratégia mais discutível, mas legal, que passou por visitar alguns dos funcionários de baixa para confirmar a sua condição.
A Tesla decidiu instalar a sua fábrica europeia na Alemanha, mas a opção pela maior economia do Velho Continente, onde estão igualmente os construtores europeus mais fortes, não se revelou isenta de problemas. Das cobras e lagartos que alegadamente procriavam nas imediações e que atrasaram a construção das instalações, impulsionados pelos ambientalistas, às manifestações contra o excesso de consumo de água da fábrica e às tentativas de fogo posto para limitar a produção da Gigafactory Berlim, parece que está tudo contra a Tesla. Isto embora a fábrica tenha sido instalada no terreno definido e vendido pelo Governo e nas condições determinadas pelos alemães, que simultaneamente pressionam o construtor a ampliar a Gigafactory Berlim. O novo ponto de discórdia é o excesso de absentismo dos trabalhadores que, em Agosto, superou 15%, um valor muito superior à média da indústria automóvel alemã em 2023, fixado nos 5,2%.
A Tesla emprega actualmente cerca de 12.000 funcionários em Berlim, mas o director desta fábrica, André Thierig, luta há algum tempo contra um número elevado de empregados que faltam, justificando a ausência com baixas por doença. Se na Alemanha a percentagem média de baixas médicas é de 6,1%, na indústria automóvel é de apenas 5,2%, mas na Gigafactory atinge uma média de 11%, com picos superiores a 15%. De acordo com a Deutsche Welle, a equipa de Thierig começou por oferecer um prémio de 1000€ aos funcionários que atingissem 95% de assiduidade, igualando a média das fábricas das alemãs BMW, Mercedes e Volkswagen, mas sem sucesso.
André Thierig suspeita de abuso da Segurança Social por parte de alguns trabalhadores, recordando que há cerca de 200 funcionários que renovam sistematicamente as suas baixas médicas, tendo conseguido não trabalhar um único dia nos primeiros nove meses de 2024. O forte sindicato da indústria automóvel, o IG Metall — a que os trabalhadores da Tesla votaram maioritariamente não aderir —, acusa a Tesla de más condições de trabalho como explicação para o absentismo, mas Thierig afirma que isso não faz sentido, dado que a maioria das faltas tem lugar às sexta-feiras ou no período nocturno, em que as condições de trabalho são idênticas aos restantes dias da semana. O director da única fábrica europeia da Tesla realça ainda que, dos 12.000 empregados, 1500 têm contrato temporário e, entre estes, as baixas médicas são de apenas 2%.