O ex-líder do PS/Açores Vasco Cordeiro defendeu sexta-feira o seu legado na presidência do Governo Regional, acusando os executivos da região e da República de “destruírem o que havia de bom, sem construir nada de melhor em troca”.

No primeiro dia do 19.º Congresso Regional do PS/Açores, que decorre no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, socialista denunciou as “tentativas de reescrever a história que procuram pintar” os oito anos em que presidiu ao Governo Regional (2012 a 2020) como um “tempo desperdiçado em termos de desenvolvimento”.

Vasco Cordeiro defendeu que a “realidade e os números” demonstram que o partido e os açorianos se “podem orgulhar” daquele período de governação, evocando as “várias circunstâncias atípicas e profundamente disruptivas” que aconteceram entre 2012 e 2020.

O antigo presidente do executivo açoriano lembrou a reforma do modelo de acessibilidade aérea, “uma reforma proposta, negociada e concretizada pelo Governo Regional do PS”, que resultou na liberalização nas ligações para São Miguel e Terceira e a manutenção da “garantia das Obrigações de Serviço Público” no Faial, Pico e Santa Maria.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“É bom relembrar essa conquista do Governo Regional do PS porque este é um tempo em que, na República por ação e nos Açores por inércia e por omissão, os Governos da República e Regional do PSD/CDS/PPM, parecem mais apostados em destruir o que havia de bom, sem construir nada de melhor em troca”, acrescentou.

Num discurso de cerca de 55 minutos, Cordeiro lembrou o período da pandemia da covid-19, onde o executivo regional foi “até ao limite das competências e recursos” e onde existiram “incompreensões e censuras, algumas delas até pessoais, por parte do Governo da República de então, infelizmente, dolorosamente, um Governo da República do PS”.

O ex-chefe do Governo Regional recordou que os Açores foram a “única região do país à qual a Troika não considerou necessário impor um programa de ajustamento” e alertou para o estado atual das finanças públicas regionais.

“Em 2019, as receitas próprias da região eram mais do que suficientes para cobrir as despesas de funcionamento da administração regional. De acordo com Orçamento Regional para este ano, em 2024, as receitas próprias da região já não são suficientes para pagar as despesas de funcionamento da administração regional”, realçou.

Sobre o pós-eleições regionais de 2020, Vasco Cordeiro criticou a atuação do Representante da República, “senão mesmo do Presidente da República”, durante o processo que levou PSD/CDS-PP/PPM ao poder após um acordo com Chega e IL num “atropelo claro e brutal” do parlamento açoriano.

“O PS/Açores não formou governo em 2020 porque os partidos políticos que, através da sua presença parlamentar poderiam garantir o respeito pela vontade que os açorianos expressaram nas urnas nesse ano, recusaram as possibilidades de negociação e acordo que lhes propus, caso do CDS, do PPM e do IL”, revelou.

Antes da intervenção foi exibido um vídeo com alguns dos principais momentos da governação de Vasco Cordeiro, motivando um aplauso de pé da plateia.

O primeiro dia do Congresso do PS/Açores, que começou sexta-feira e decorre até domingo, ficou marcado pela despedida de Vasco Cordeiro que garantiu que irá continuar, “para já”, como deputado regional e presidente do Comité das Regiões da União Europeia.

É a primeira reunião magna com Francisco César como novo presidente dos socialistas açorianos.