A rádio SBSR despede-se esta segunda-feira dos ouvintes com uma última emissão especial de discos pedidos, após ter sido comprada pelo grupo Medialivre, mas deixa oito anos de “trabalho feito”, na divulgação de música alternativa e lançamento de novas bandas.

No ar desde 29 de novembro de 2016, quando passou a ocupar as frequências da então extinta Rádio Nostalgia, a rádio SBSR, associada ao festival Super Bock Super Rock, sai hoje de antena, para dar lugar a um novo projeto do grupo que detém o Correio da Manhã e o canal Now.

Nesta sua despedida, a SBSR preparou uma emissão especial para todo o dia, até à meia-noite — quando a estação entra em período de transição —, de discos pedidos, em que a equipa convidou pessoas ligadas à música, desde programadores a músicos e assessores de imprensa, a escolherem músicas para passarem na rádio, contou à Lusa Tiago Castro, coordenador de programas da SBSR.

Paralelamente, o email da rádio foi aberto aos ouvintes, para fazerem também os seus pedidos, até porque, sem eles, a rádio não poderia ter existido, afirmou Tiago Castro, confessando-se emocionado, mas também muito feliz com esta emissão e com tudo o que deixa para trás.

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“Ainda ontem a Ana Lua Caiano ganhou um prémio [Globo de Ouro]. Ela estreou-se aqui na rádio e isso aconteceu com muitos artistas em que apostámos. Foi o nosso papel. A rádio acaba, mas o trabalho está feito. Espero que estas pessoas consigam continuar a divulgar música alternativa. É música para um nicho, mas que também esgota festivais grandes. É um publico mais reduzido, mas mais atento a descobrir música”, disse.

Lembrando alguns programas emblemáticos da rádio, como a “5.ª Viriato”, em que Ana Lua Caiano se estreou e que “abriu portas a muitas bandas, Tiago Castro sublinhou: “Fica um trabalho de qualidade, de uma equipa de poucos elementos, mas muito dedicada”.

“A rádio SBSR nasceu associada a uma marca, como o braço de um festival, mas sempre com muita liberdade, a passar música que está a mexer no ‘underground’ e que mais tarde chega cá acima”, lembrou o coordenador, assinalando, por exemplo, que o programa “Vidro Azul” “é o ‘podcast’ de música mais descarregado em Portugal”.

“O ‘Vidro Azul’ fez 20 anos durante a SBSR. Já veio da RUC [Rádio Universidade de Coimbra], da Radar e depois veio para aqui. Este é um programa que merecia ter sido premiado, é um programa de luxo, que espero que continue nas plataformas”, afirmou.

Quanto à “Floresta Encantada”, programa de Tiago Castro que venceu em 2023 o prémio de Melhor Programa de Rádio, da Sociedade Portuguesa de Autores, “entra agora numa pausa”, indicou o coordenador da SBSR.

Quanto ao futuro, está em aberto, afirmou, considerando ser cedo ainda para falar sobre projetos que se possam estar a desenhar.

Uma coisa é certa, ninguém vai ficar sem trabalho, sendo que grande parte da equipa vai ser integrada no novo projeto da Medialivre, revelou Tiago Castro, que não vai ficar.

Segundo Tiago Castro, que desconhece os contornos do novo projeto a ser preparado para aquela estação, a Medialivre assumiu desde o início a disponibilidade para integrar os elementos da SBSR que quisessem ficar.

Além dos vários colaboradores, a equipa da SBSR é composta por cinco pessoas que fazem a emissão regular, três jornalistas e dois sonoplastas, indicou.

No dia 25 de junho, a Medialivre anunciou a conclusão da compra da Rádio SBSR, que emite em 90.4 na Grande Lisboa, e da Rádio Festival, que emite no Grande Porto em 94.8, operação que se enquadra na estratégia de crescimento do grupo.

Em março, a Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) autorizou a Medialivre, dona do Correio da Manhã, CMTV, Negócios, canal Now, entre outros, a comprar as rádios SBSR e Festival do Norte à promotora Música no Coração.

Num comunicado divulgado na altura, a Medialivre referia que a compra da Rádio SBSR se enquadrava “na estratégia de crescimento do grupo Medialivre”, que passaria “a estar presente em todos os setores da comunicação social, integrando imprensa, televisão, digital e rádio no seu portefólio”.

Estas aquisições “permitem ao grupo Medialivre ter um posicionamento 360º”, acrescentou.