O líder dos socialistas garante que o “PS tem flexibilidade total para viabilizar um Orçamento do Estado (OE) que não é seu; que é do PSD”, mas recusa ceder ou “anular” a essência socialista, frisando que o Governo tem de respeitar a única “condição fundamental”: não incluir o IRS Jovem e a redução do IRC. Pedro Nuno Santos garantiu ainda que o país só terá de ir a eleições antecipadamente “se o senhor primeiro-ministro ou o senhor Presidente da República quiserem”.
“As únicas condições que anunciamos como fundamentais para viabilizar [o OE] é a não inclusão de duas medidas”, nomeadamentea redução do IRC e o IRS Jovem, disse Pedro Nuno Santos em entrevista à CMTV. E continuou: “O PS tem flexibilidade total para viabilizar um OE que não é seu; que é do PSD. Mas dizemos que há duas medidas que chocam de frente com o nosso projeto que não queremos que estejam no OE.” Para os socialistas, estas medidas são “erradas, injustas, ineficazes e com impacto estrutural de difícil reversão”.
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O líder do PS criticou ainda quem considera que o OE se limita apenas a estas duas medidas. “Reduzimos o OE a duas medidas, mas não são duas, são centenas, divididas em 15 áreas”, disse, frisando que o PS está disponível para viabilizar “500 medidas” no total.
“O Governo quis que fosse o PS o parceiro para viabilizar o OE”, mas “elege como pilares fundamentais o IRC e o IRS Jovem”, sendo que “o PS é contra, mas o Chega é a favor”, salientou o socialista. E rematou: “Se o Governo quer insistir nessas medidas, não quer o voto do PS.”
“Não podemos aprisionar a oposição democrática”
Na entrevista, Pedro Nuno Santos defendeu ainda que “só haverá eleições se o senhor primeiro-ministro ou o senhor Presidente da República quiserem”. #É que não depende do Orçamento do Estado”, defendeu.
Segundo Pedro Nuno Santos, as eleições antecipadas não são desejáveis e o PS não está à procura delas ou de chumbar o Orçamento do Estado. “Agora aquilo que nós queremos é viabilizar um Orçamento do Estado que não tenha medidas que chocam de frente com a visão do PS para o país. Só estamos a pedir duas”, disse.
De acordo com o líder do PS, está a ser “um cavalo de batalha e uma pressão brutal” sobre os socialistas porque o partido “está a dizer que nas centenas de medidas de um orçamento não quer lá duas”. “O discurso sobre o interesse nacional não pode aprisionar a oposição democrática”, defendeu.
Pedro Nuno Santos referiu que o próprio Presidente da República assumiu que “estava a pressionar” e considerou que Marcelo Rebelo de Sousa “está no seu direito”. “A interpretação de interesse nacional pode ser diferente. O que nós não podemos é aprisionar a oposição democrática porque isso degrada a democracia. Nós querermos que o PS se anule, deixe de defender aquilo em que acredita em nome de um interesse nacional abstrato ou da opinião de um determinado político, isso sim é que é desrespeitar a democracia”, considerou.