O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, foi o diretor convidado da edição de outubro da revista CAIS e defende no editorial “maior ambição” no combate à pobreza, pedindo que seja prioridade.
Segundo uma nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, neste contexto, Marcelo Rebelo de Sousa “recebeu, no Palácio de Belém, um grupo alargado de vendedores da revista”, a quem agradeceu “a sua resistência face às adversidades”.
O convite para dirigir a edição deste mês surgiu no âmbito das comemorações dos 30 anos da associação CAIS, que tem como missão melhorar as condições de vida de pessoas sem-abrigo e social e economicamente vulneráveis, e cujo “trabalho e apoio na inclusão para a empregabilidade” o Presidente da República enalteceu.
“A edição de outubro tem como tema principal o combate à pobreza, e está agora nas ruas de Lisboa, Porto, Coimbra e Almada”, lê-se na mesma nota.
Na capa da revista aparece Marcelo Rebelo de Sousa com um dos vendedores da CAIS e em baixo o título “Todos contam”. Os destaques vão para um debate sobre a pobreza entre Susana Peralta e Bruno Gonçalves e uma reportagem sobre pessoas em situação de sem-abrigo nas grandes cidades.
No editorial, o Presidente da República refere que se assinala em 17 de outubro o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, “tema que inspirou a proposta para este número de outubro, que fala de pessoas e não de números, apenas úteis para traduzir algumas evidências”.
“Falar de pobreza e exclusão social em Portugal é falar nos mais de dois milhões de cidadãos pobres ou em risco de pobreza que vivem entre nós. Uma realidade que persiste, que aumentou no ano passado, e para a qual é urgente maior ambição”, afirma.
O chefe de Estado descreve Portugal como um país onde “ter trabalho não significa uma vida mais digna”, realçando que “10% da população ativa é pobre”, e onde “as causas estruturais da pobreza se cristalizaram ao longo de anos, para não dizer décadas, e que passam de geração em geração”, com um fosso “cada vez maior” entre os mais ricos e os mais pobres.
“Falar de combate à pobreza e às desigualdades em Portugal é, pois, assumir esta realidade e olhá-la de frente, com urgência e sem ilusões, apontando caminhos para a sua resolução. Caminhos que coloquem este desafio, e sobretudo o desafio do combate à pobreza infantil, enquanto desígnio nacional”, acrescenta.
Marcelo Rebelo de Sousa já tinha dirigido uma edição da revista CAIS enquanto Presidente da República, em maio de 2017, para a qual na altura escolheu como tema a juventude.
“Continuo a acreditar que Portugal tem um desígnio de futuro. Neste ano de 2024, em que aos 50 anos da Revolução de Abril se junta a celebração dos 30 de serviço público da Associação e da Revista CAIS, reafirmemos esse desígnio, estabelecendo o combate à pobreza — nas suas variadas formas — como prioridade”, apela.
Sobre a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, com “objetivos mensuráveis até 2030, nomeadamente retirar 660 mil pessoas da situação de pobreza”, o Presidente da República considera que “exige ação e mobilização social e política, para já não falar de financiamento e coordenação”.
A revista CAIS foi criada em 1994, pela associação com o mesmo nome, com a missão de contribuir para a melhoria das condições de vida e para a integração das pessoas sem-abrigo e social e economicamente vulneráveis, através da sua capacitação e empregabilidade.
De periodicidade mensal, a revista custa dois euros e é distribuída por instituições de solidariedade social que selecionam, entre os seus utentes, os vendedores autorizados, para os quais revertem 70% das receitas de venda.