O secretário regional da Proteção Civil da Madeira disse esta segunda-feira que a região está à espera que seja garantido pelo Estado um segundo meio aéreo de combate a incêndios, realçando que “são eles próprios” que consideram que um é insuficiente.
Pedro Ramos afirmou que, atendendo a recentes declarações da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, a Madeira “está à espera que essa hipótese seja considerada e seja paga pelo Estado“.
“Eu acho que podemos falar que é uma garantia que a Madeira terá mais um meio aéreo à sua disposição, da responsabilidade do Estado, porque são eles próprios, analisando os incêndios de agosto da Madeira, que acham que, se tivéssemos dois meios aéreos, seria bem melhor”, declarou.
O governante falava aos jornalistas à margem da cerimónia da assinatura de um contrato-programa entre a Secretaria Regional da Saúde e Proteção Civil e a delegação da Madeira da Cruz Vermelha Portuguesa, no valor de 15.000 euros.
Questionado se tem expectativas de que no próximo verão o segundo helicóptero seja uma realidade na região — atualmente o Serviço Regional de Proteção Civil da Madeira dispõe de um meio aéreo -, Pedro Ramos respondeu que “é uma exigência, porque se essa é uma recomendação, já vem tardia”.
“A Madeira já tem helicóptero desde 2018, já teve por um período de apenas quatro meses e depois passou para o ano todo, porque a Madeira entendeu […], e naturalmente que, se acham que este meio aéreo é insuficiente, naturalmente que têm de ser responsáveis pelo pagamento”, acrescentou, referindo que é o Governo Regional que assume os custos do atual meio aéreo, que ascende aos 12 milhões de euros desde o início da operação.
Interrogado, por outro lado, se já exigiu ao Governo da República este segundo meio aéreo, o secretário da Proteção Civil indicou que não, apontando apenas que recentemente o presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), escreveu uma carta ao primeiro-ministro, Luís Montenegro (PSD, alertando que o helicóptero da Força Aérea estacionado no Porto Santo está inativo, o que compromete as operações de socorro no arquipélago.
Em 20 de agosto, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, disse que o Governo “vai avaliar” o pedido de reforço permanente de meios aéreos para o combate aos incêndios na Madeira, mas realçou que ainda era prematuro fazer essa análise.
Na quarta-feira, numa audição no parlamento, o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Duarte da Costa, considerou que um helicóptero é insuficiente e que o incêndio que atingiu a Madeira em agosto poderia ter sido resolvido mais cedo se a região tivesse mais meios aéreos.
Vários especialistas têm também defendido, na sequência do incêndio de grandes dimensões que atingiu a região em agosto, que a Madeira precisa de mais um meio aéreo.
O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. No dia 26, ao fim de 13 dias, a Proteção Civil regional deu o fogo como “totalmente extinto”.
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para 5.104 hectares de área ardida, embora as autoridades regionais tenham sinalizado 5.116.