O PCP questionou o presidente da Câmara de Lisboa sobre quais as instituições envolvidas na intervenção que retirou da rua as pessoas que estavam a viver junto à igreja dos Anjos, em Arroios, e para onde foram deslocadas.

Num requerimento, com data de domingo, os vereadores do PCP na Câmara Municipal de Lisboa questionam Carlos Moedas sobre as suas declarações na cerimónia de comemoração do 5 de Outubro, nomeadamente quando o autarca referiu que, na véspera, tinha conseguido “arranjar um teto para todas as pessoas que estavam na igreja dos Anjos, em Arroios”.

O PCP lembra que, na ocasião, “não foram dados detalhes sobre a ação da Câmara Municipal, nem sobre a situação em que se encontram as referidas pessoas”.

Desta forma, os vereadores comunistas questionam Moedas acerca de quantas pessoas se encontravam a viver na rua junto à igreja dos Anjos no momento da intervenção da Câmara Municipal de Lisboa, no dia 4 de outubro de 2024.

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Os vereadores querem igualmente dados sobre quantas foram alojadas e onde exatamente, além de querer saber o que aconteceu às outras e quantas continuam na rua.

Afirmando que relatos de pessoas que estavam a viver junto à igreja dos Anjos dão conta de que todos os seus pertences foram perdidos, com exceção da roupa que vestiam, a vereação do PCP questiona Carlos Moedas se este confirma estes relatos e onde foram colocados os pertences.

O PCP pede igualmente a confirmação por parte do autarca de que o alojamento terá sido feito em “camaratas com dezenas de pessoas, sem as condições necessárias, sem duche, sem divisão de género”.

Refere ainda o PCP que foi dito a, pelo menos, uma dessas pessoas que a estadia seria de um mês e que depois teria de arranjar casa.

Por isso, o partido pergunta o que acontecerá às pessoas daqui a um mês, a confirmar-se esta informação.

A vereação comunista questiona também que tipo de acompanhamento e intervenção social por parte da Câmara Municipal será feito juntos destas pessoas – tanto das que foram temporariamente alojadas, como daquelas que ficaram na rua.

Os comunistas questionam igualmente de que forma se enquadra esta intervenção na estratégia definida no Plano Municipal para as Pessoas em Situação de Sem Abrigo, recentemente aprovado.

Além disso, o PCP quer saber que instituições foram envolvidas nesta intervenção e que responsabilidades concretas foram assumidas por cada uma delas.

No seu discurso de 5 de outubro, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, defendeu que o país não pode “aceitar uma política de portas escancaradas que conduz à desordem”.

“Hoje assistimos a manifestações de um drama humanitário que nos envergonha a todos como país. Nós precisamos de imigração, mas não podemos aceitar uma política de portas escancaradas que conduz à desordem, dá espaço a redes criminosas e multiplica casos de escravatura moderna”, disse o autarca, anfitrião das cerimónias oficiais do 5 de Outubro.

O autarca aproveitou também o seu discurso para anunciar que o município conseguiu resolver na sexta-feira o problema dos imigrantes que estavam a viver há vários meses em tendas junto à igreja dos Anjos.

“Hoje posso dizer que ontem [sexta-feira] resolvemos uma das situações mais graves da nossa cidade. Ontem ajudámos todas as pessoas que estavam à volta da Igreja do Anjos a encontrar um teto”, referiu.

A agência Lusa questionou a Câmara de Lisboa sobre essa operação de alojamento e aguarda por uma resposta.