O grupo parlamentar do Chega vai reunir de urgência para discutir o Orçamento do Estado numa altura em que Governo e PS estão envolvidos numa troca de propostas e contrapropostas sobre o IRC e o IRS Jovem, após a aproximação de Luís Montenegro a Pedro Nuno Santos. O Observador sabe que André Ventura convocou todos os deputados para uma reunião que acontecerá esta terça-feira e justificou-o com o “contexto delicado” e a “responsabilidade” do Chega perante o país.

“Dado o contexto delicado em que estamos, perante o OE para 2025 e no contexto da nossa responsabilidade perante o país, venho por este meio marcar uma reunião de urgência com o grupo parlamentar. A reunião é amanhã, às 17h na sala do Senado”, pode ler-se na mensagem que os deputados do Chega receberam esta segunda-feira.

Fonte da direção revelou ao Observador que “está tudo em cima da mesa“, já depois de o próprio André Ventura ter dito que o voto contra o Orçamento do Estado era irrevogável — uma decisão justificada com o facto de o Governo ter preferido negociar com o PS.

A posição do Chega relativamente ao Orçamento do Estado foi alterada ao longo dos últimos meses, sendo que o momento em que Ventura anunciou a saída das negociações surgiu como um ponto final e um murro na mesa após as constantes tentativas de aproximação do Chega ao Governo. Nessa altura, Ventura usou as alegadas cartas secretas, que Montenegro e Pedro Nuno desmentiram, para se colocar de fora.

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A postura foi-se tornando mais sólida ao longo dos tempos, com vários dirigentes do Chega a assegurarem que o partido estava fora das negociações pelo menos enquanto o Governo mantivesse como “parceiro preferencial” o PS. Tanto que no dia 10 de setembro, em plenas jornadas parlamentares, quando questionado sobre se o voto contra já era irrevogável, Ventura foi perentório: “O partido está neste momento a caminhar para ser o líder da oposição, com o entendimento é entre o Governo e o PS, eu diria que sim, é irrevogável.”

No dia antes, quando questionado sobre o que poderia fazer o Chega recuar e reentrar nas negociações, Ventura tinha ido no mesmo sentido, colocando a bola do lado de Montenegro: “O Chega já deixou claro que não negoceia com partidos que estão a negociar com o PS as medidas do PS. Era preciso que o Governo voltasse tudo atrás e dissesse ‘Afinal, não queremos negociar medidas do PS e vamos aceitar negociar medidas à direita contra a corrupção, a imigração, pela descida de impostos’.”

Agora que Governo e PS estão numa troca de propostas e contrapropostas sobre IRC e IRS Jovem, e depois de Montenegro ter rejeitado a última versão do PS apresentada por Pedro Nuno Santos, as negociações do Orçamento do Estado voltaram a estar num impasse e o Chega opta por se reunir esta terça-feira, com a ressalva, dada pelo presidente do partido, de que tem “responsabilidade perante o país”.

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