Um S-70 Okhotnik-B foi abatido perto da cidade de Chasiv Yar, na região de Donetsk na Ucrânia, neste sábado, dia 5. Problema: não é um drone qualquer: russo e de última geração, não é detetado por radares e custa entre 25 e 45 milhões de euros. Dúvida: quem abateu este drone valioso, um dos três que a Rússia teria? Vários especialistas e uma fonte ucraniana inclinam-se para que tenha sido mesmo um caça Su-57 da própria Força Aérea Russa.
The moment the Russian S-70 Okhotnik fighter drone was hit by a Russian Su-57 fighter in the sky over Konstantinovka.
The S-70 drone is the most expensive and long-term development program for Russian UAVs, which was launched in 2011.
The program is still in the testing phase… pic.twitter.com/xgjSBehtIm
— Russian Propaganda ???? (@RussianPropX) October 5, 2024
Seja como for, já é um ganho para a Ucrânia. Não só o exército inimigo ficou sem uma poderosa arma, como ainda tem a oportunidade de a estudar ao milímetro. A Rússia ainda tentou impedir que a seu sofisticado e raro drone caísse nas mãos ucranianas. Mas em vão. Os destroços caíram perto da cidade de Kostyantynivka e a Rússia lançou um míssil Iskander para o local, porém as tropas ucranianas já tinham recolhido várias partes do drone, para analisar a tecnologia do S-70, tendo encontrado também evidências que o mesmo transportava uma bomba D-30SN, garante a Forbes.
I can confirm, based on footage from @PEnssle, that Ukrainian forces have already recovered and removed large, relatively intact pieces of the advanced Russian S-70 Okhotnik UCAV that crashed in Donetsk Oblast.
Notably including the wing segment seen in this video. pic.twitter.com/7Z9yDgKfab
— OSINTtechnical (@Osinttechnical) October 5, 2024
O S-70 Okhotnik-B, também conhecido como ‘Hunter-B’, é resultado de um projeto desenvolvido desde 2011 pelas fabricantes Sukhoi e Mikoyan, a mando do Ministério da Defesa russo. Trata-se de uma veículo aéreo não tripulado a rondar os 20 metros e com tecnologia de camuflagem militar, que impede que seja detetado por radares aéreos, refere o Bulgarian Military. Tem como principal função o reconhecimento tático de forma discreta, assim como poderá servir para transporte de armamento.
[Já saiu o segundo episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio.]
Vários protótipos do Okhotnik foram testados entre 2019 e 2023, sendo que a sua produção em massa estava prevista para o segundo semestre de 2024. A utilização destes drones por parte das forças russas permitiria poupar vidas de tripulações aéreas qualificadas e difíceis de substituir, assim como dava abertura para uma folga das unidades Su-34. No entanto, várias fontes, como o Forces News, avançam que a Rússia detém apenas mais dois exemplares do S-70 Okhotnik-B.
Good thread on the Russian S-70 "Okhotnik" drone shot down over Ukraine yesterday. It was one of only three Russia has produced. https://t.co/ZOsAPiiXb2
— Bob Hamilton (@bobham88) October 6, 2024
Uma das explicações que tem sido avançada por especialistas para o que aconteceu prende-se com o facto de o “Hunter” ter de voar ao lado de um caça Su-57 Felon. A ligação pode ter sido perdida entre as duas naves, o operador pode ter perdido o controlo do drone e, no receio de o S-70 Okhotnik cair intacto no território ucraniano, as forças russas decidiram abatê-lo. Limitavam assim o conhecimento que a Ucrânia pudesse reter da sua tecnologia. No entanto, ainda não existe qualquer explicação para o disparo do míssil sobre a nave que é visível num vídeo muito partilhado nas redes sociais, inclusive pelos bloggers militares russos.
Os destroços recolhidos por forças ucranianas poderão ser importantes para perceber o funcionamento da tecnologia “invisível”, também utilizada pelos caças Su-57 russos. Deverão ser analisadas não só por engenheiros ucranianos, mas também da NATO e das Nações Unidas.
Texto editado por Dulce Neto