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Um milhão de pessoas necessitam de assistência vital no Líbano, cuja produção alimentar deverá diminuir significativamente devido aos bombardeamentos israelitas, alertou esta terça-feira a ONU, citando a destruição ou o abandono de terrenos agrícolas.

O Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas tem fornecido diariamente 150.000 refeições quentes ou rações de cinco a 15 dias, dependendo da capacidade das pessoas para cozinhar, disse o diretor da agência para o Líbano, Matthew Hollingworth.

“Mas isto precisa de ser aumentado. Temos de chegar, neste momento, a quase um milhão de pessoas por dia”, afirmou Hollingworth por teleconferência a partir de Beirute, segundo a agência espanhola EFE.

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A agência pretende chegar a esse número de pessoas nos próximos três meses, embora tenha salientado que o orçamento para atingir o objetivo tem atualmente um défice de 115 milhões de dólares (mais de 104 milhões de euros, ao câmbio atual).

O fogo cruzado entre o grupo libanês Hezbollah e Israel, iniciado em 8 de outubro de 2023, evoluiu nas ultimas semanas para uma situação de guerra, com bombardeamentos constantes das forças israelitas, que também têm efetuado incursões terrestres.

Os ataques israelitas mataram dirigentes de topo do Hezbollah, incluindo o líder do grupo xiita pró-iraniano, Hassan Nasrallah, e provocaram a fuga de dezenas de milhares de pessoas, tanto para outras zonas do Líbano como para a Síria.

Hollingworth afirmou que existe uma profunda preocupação com a produção agrícola do país, na sequência do incêndio de 1.900 hectares na região sul, junto à fronteira com Israel.

A agência da ONU também alertou para o abandono de outros 12.000 hectares localizados numa das zonas mais produtivas do Líbano, porque as famílias que trabalhavam na terra foram deslocadas.

As terras afetadas eram, em grande parte, utilizadas para o cultivo de azeitonas, citrinos e frutas, culturas que não se realizarão e que levarão décadas a recuperar, especialmente no caso das azeitonas, disse o representante humanitário.

A situação é tanto mais preocupante quanto o Líbano é um país fortemente dependente da importação de alimentos.

O representante da ONU declarou estar chocado com o nível e a rapidez da destruição no Líbano, onde 1,2 milhões de pessoas foram afetadas e muitas cidades e vilas foram completamente esvaziadas dos habitantes e deixadas em ruínas.

Disse que foram criados 973 locais de abrigo em escolas e edifícios públicos em Beirute e no norte do país, mas com mais de 200.000 pessoas registadas, a maioria já atingiu a capacidade máxima.

Quanto ao receio de que os ataques israelitas possam atingir o aeroporto de Beirute, Hollingworth destacou a importância da infraestrutura para as operações humanitárias e para a saída dos libaneses que pretendam abandonar o país.

As consequências seriam imprevisíveis num país que não produz o suficiente para ser autossuficiente e que não dispõe de reservas para manter em funcionamento instalações vitais, como os hospitais, referiu.

A este respeito, apelou à preservação dos corredores aéreos e terrestres como vias de entrada para fornecimentos essenciais como combustível, alimentos e produtos de saúde.

O Hezbollah iniciou ataques contra o norte de Israel a partir do sul do Líbano em apoio ao Hamas, um dia depois de um ataque do grupo extremista palestriniano ter desencadeado uma ofensiva israelita Faixa de Gaza.

Desde então, o conflito matou dezenas de milhares de pessoas, maioritariamente em Gaza, cujas autoridades divulgaram hoje um balanço de cerca de 42.000 mortos.