Israel criticou esta sexta-feira uma investigação das Nações Unidas que concluiu que o Estado judaico procurou deliberadamente destruir o sistema de saúde em Gaza e maltratou detidos palestinianos, considerando o relatório “tendencioso”.
Na quinta-feira, investigadores da ONU acusaram Israel de atacar deliberadamente instalações de saúde na Faixa de Gaza enquanto os militares torturavam e matavam pessoal médico, citando “crimes contra a humanidade”.
“Israel está a implementar uma política concertada de destruição do sistema de saúde de Gaza como parte da sua ofensiva mais ampla em Gaza”, disse a comissão internacional independente de inquérito das Nações Unidas num comunicado.
Numa longa declaração divulgada esta sexta-feira, a representação de Israel junto da ONU em Genebra rejeita veementemente estas alegações.
“Este relatório é mais uma tentativa flagrante de deslegitimar a própria existência do Estado de Israel e impedir o seu direito de proteger a sua população, ao mesmo tempo que encobre os crimes das organizações terroristas”, escreve a embaixada.
As conclusões, acrescenta, retratam “escandalosamente as operações de Israel em instalações de saúde infestadas de terroristas em Gaza como uma estratégia contra o sistema de saúde, ao mesmo tempo que ignoram completamente as provas esmagadoras de que as instalações médicas em Gaza têm sido sistematicamente utilizadas pelo Hamas para atividades terroristas”, pode ler-se neste documento.
Israel rejeitou também as acusações de maus-tratos generalizados e sistemáticos aos detidos palestinianos, que constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
“Israel está totalmente empenhado nos padrões jurídicos internacionais relativos ao tratamento dos detidos”, refere o comunicado, acrescentando que “isto inclui a proibição do uso excessivo da força e dos maus-tratos”.
Israel acusa ainda a comissão da ONU de criar uma “realidade alternativa”, contribuindo assim para “o agravamento deste conflito”.
“Apelamos aos Estados para que denunciem esta abordagem tendenciosa, que só serve para manchar ainda mais a credibilidade do Conselho dos Direitos Humanos e das Nações Unidas no seu todo”, denuncia a diplomacia israelita.
A comissão — composta por três membros e formada pelo Conselho de Direitos Humanos em maio de 2021 para investigar suspeitas de violações do direito internacional em Israel e nos territórios palestinianos — publicou o seu segundo relatório desde o ataque ao movimento islamita palestiniano Hamas, em 7 de outubro de 2023.