Quando muitos olhavam em termos internos para uma possível saída de Rúben Amorim do comando técnico do Sporting como consequência do sucesso desportivo alcançado desde que chegou a Alvalade em março de 2020, alguns sabiam também que havia outro “perigo” fora dos relvados chamado Hugo Viana. Mais: quando o treinador foi a Londres na segunda metade da última temporada para reunir com elementos do West Ham, esses mesmos responsáveis sabiam que a Premier League era um dos campeonatos que mais acompanhava o trabalho do diretor desportivo. No final de 2024/25, chegou o momento de mudar. Quanto, não se sabe.

Depois da tempestade, um tsunami: Beguiristain de saída, Guardiola pode ser o próximo e há nomes em Portugal na mira do City

Na sequência da notícia da saída de Txiki Beguiristain do Manchester City no final da temporada depois de mais de 12 anos no cargo de diretor desportivo, a dúvida passava por saber qual seria também o futuro de Pep Guardiola no clube depois dos vários sinais que foi deixando nos últimos tempos de que o seu tempo no Etihad Stadium poderia estar a chegar ao fim. Ainda hoje, até pela paragem para seleções que “anula” todas as habituais conferências antes e depois dos jogos, não existe qualquer certeza – apenas pistas. E a ideia de fim de uma era nos campeões ingleses torna-se cada vez mais real, sendo que o espanhol acaba contrato no final da época e não houve qualquer palavra para uma renovação apesar dos pedidos das bancadas.

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Aí poderia estar a “chave” do novo diretor desportivo. Caso aceitasse prolongar o vínculo com o City, onde chegou em 2016, Pep Guardiola poderia preferir alguém de maior confiança e foi nesse sentido que surgiram nomes como Quique Cárcel, um dos principais obreiros do salto qualitativo do Girona até à entrada na Liga dos Campeões (sendo que alguns meios espanhóis deram conta de uma suposta recusa do espanhol em sair da formação catalã), ou Andoni Zubizarreta, que entrou este ano no FC Porto com Villas-Boas. Num cenário de saída, a opção poderia tendencialmente recair noutras figuras referenciadas como Hugo Viana. No entanto, e apesar de todas essas informações que foram saindo, não existe nexo de ligação entre a chegada do português e uma possível despedida do técnico que ganhou seis dos últimos sete campeonatos ingleses.

Contactos, espírito positivo, Amorim e os sinais que poucos percebem: Hugo Viana, a sombra que deu outro governo à estrutura do Sporting

Esta sexta-feira, o jornalista Fabrizio Romano deu conta de um acordo total entre o Manchester City e o diretor desportivos do Sporting, num cenário que chegaria apenas a partir do verão de 2025. Diferença em relação ao que tinha sido ventilado na terça-feira? O antigo internacional passou de principal opção para nome confirmado num cenário que não merece comentários para já em Alvalade. Também aqui, há uma razão: tudo o que foi acontecendo foi sempre falado em termos internos entre a cúpula dirigente dos leões.

“Renovação com Amorim? É um sinal que tomamos decisões em que acreditamos e não no ruído ou no que as pessoas acham ou deixam de achar. Acreditamos muito no processo de trabalho, quando falo neste reconhecimento não é só o treinador e jogadores. O Hugo Viana é uma peça fundamental neste processo. Ele vai ficar chateado, mas vou dizer: o Viana já teve convites para ir para as melhores ligas da Europa. Recusou. Ao contrário de outras pessoas que supostamente têm convites e são publicitados, ele é ao contrário. Tenho muito orgulho nesta estrutura”, referiu Frederico Varandas numa entrevista à Sporting TV em abril de 2023, curiosamente na época menos conseguida dos leões desde a chegada de Rúben Amorim.

O líder leonino falou no plural mas houve sobretudo uma proposta que fez com que o Sporting tivesse de fazer algo mais para segurar o diretor desportivo da saída (que seria também curiosamente para um clube de Inglaterra). Em relação ao Manchester City, nunca houve dúvidas para ninguém entre o que tem tudo certo para partir e para quem fica, até pela boa relação que existe entre clubes, estreitada pelo protocolo assinado em 2019, que previa a partilha de passes e direitos de preferência de jovens talentos. Nessa altura, tudo foi fechado com a presença em Inglaterra de Varandas e Viana com o CEO Ferran Soriano e… Beguiristain, duas figuras que o presidente verde e branco já conhece há alguns anos ainda dos tempo do Barcelona.

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O tempo até ao final da temporada permitirá reorganizar o edifício do futebol do Sporting, que mudou de forma radical desde a chegada de Rúben Amorim em 2020 que consolidou uma espécie de troika entre presidente, diretor desportivo e treinador. Até por uma razão: Amorim pode ou não ficar em Alvalade para cumprir o último ano de contrato mas o seu futuro não está ligado ao de Viana… pelo menos para já.

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Tal como o diretor desportivo, Rúben Amorim é seguido por várias equipas europeias. Só nos últimos dois anos, o treinador foi inicialmente associado ao Chelsea no início da era Todd Boehly como proprietário, foi apontado como um dos nomes mais fortes para suceder a Jürgen Klopp no Liverpool e foi contactado de uma forma mais direta pelo West Ham. Acabou sempre por ficar. Ainda assim, e apesar da cláusula de saída que está prevista no contrato renovado no final de 2022 até junho de 2026, mais uma temporada de sucesso como a anterior poderia trazer uma oferta que levasse também à saída. Em relação ao City, e apesar das ligações que começaram a ser rapidamente feitas (com essa curiosidade de haver uma grande relação há muitos anos entre Beguiristain e Guardiola), a questão do treinador ainda não é sequer uma questão até que exista um sinal de Pep em relação ao seu futuro depois de ter aberto por mais do que uma vez a porta.

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Do lado de Hugo Viana, o trabalho realizado sobretudo nos últimos três anos e a boa imagem que tem junto de alguns dos principais responsáveis dos citizens acabaram por ser dados decisivos para a mais do que provável aposta. O mercado de 2023/24, com as chegadas de Viktor Gyökeres e Morten Hjulmand já depois de Ousmande Diomande, foi uma espécie de cartão de visita ao trabalho feito e que se prolongou também ao que foi desenvolvido a nível de departamento de scouting mas antes tinham existido os negócios das vendas como as de Bruno Fernandes, Nuno Mendes (com a chegada por empréstimo de um ano de Sarabia, com o rendimento desportivo conhecido), Matheus Nunes e Ugarte, as maiores de sempre do Sporting.

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Por fim, e em relação aos leões, os próximos meses serão aproveitados para redefinir a estrutura ligada de forma mais próxima ao centro de decisões de futebol. Luís Neto, antigo capitão que foi sempre elogiado por Amorim, Viana e Varandas, não continuou como jogador, não assumiu outra posição e continua a estar perto dos jogadores mas, como avançou o jornal Record, não é hipótese para a sucessão de Viana. O ex-central foi um dos nomes que foram circulando ao longo do dia no universo verde e branco, com o ponto comum de terem sido apenas ventiladas hipóteses portuguesas. Ainda assim, o Sporting está longe de ter uma decisão tomada e fechada sobre o tema, com essa certeza de que, no dia em que Hugo Viana deixe o cargo de diretor desportivo, a ideia passará sempre por encontrar alguém com um perfil semelhante.