Entre o comando clássico e o streaming, a semana arranca com uma nova série na RTP, realizada por Bruno Gascon e mistérios por resolver. Há o habitual documentário em volta de um crime, mas também um toque de ano de eleições. Outra produção que merece destaque é Rivals, série britânica que se estreia na Disney+ e que pode ser uma das surpresas desta reta final do ano. Fiquemos atentos. Por falar em séries britânicas: se não viu a primeira temporada de A Hora do Diabo (Prime Video), fica a recomendação. Até porque a segunda estreia no próximo sábado.

“Irreversível”

RTP, segunda-feira, 14 de outubro

Tem os ingredientes típicos da história dos policiais televisivos da última década. É uma fórmula que pegou e, por isso, não é de estranhar que esteja agora a ser replicada em Portugal (e, segundo se diz, com boas possibilidades de ser vendida lá para fora).

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Que ingredientes são esses? Dois elementos incomuns que se unem para resolver um crime (um inspetor policial e uma psicóloga), que carregam bagagens consideráveis (na gíria também se diz “demónios”, para ilustrar histórias pessoais por resolver), as dores todas de uma pequena cidade (segredos, mentalidade pequena e a sensação de que não há qualquer fuga daquele lugar) e um homicídio com muitos detalhes insólitos para descobrir. Realizado por Bruno Gascon e com Margarida Vila-Nova (em grande na ficção nacional) e Rafael Morais nos principais papéis

“I’m Not a Monster: The Lois Riess Murders”

Max, terça-feira, 15 de outubro

Se continuam a surgir documentários em volta de crimes, das vítimas aos criminosos, é porque há povo para os ver. Apostamos as fichas todas em que assim vamos continuar. Este ainda está algo fresco, aconteceu em 2018 e envolve Lois Riess, uma mulher de 56 anos que, certo dia, matou o marido e pôs-se em fuga das autoridades. Erin Lee Carr, que também realizou o documentário Britney vs. Spears (Netflix), tem aqui uma proposta arrojada, porque quis entrevistar Riess para perceber a visão desta sobre os acontecimentos.

Vai ao detalhe no crime, mas também à psique de Riess, tentando descobrir – e fazer-nos entender – o que a motivou ou o que a levou a uma situação limite como esta. Riess é uma personagem perturbadora, cheia de camadas e com um passado terrível. E este é um ocumentário em duas partes que mostra um pouco daquela América escondida (onde adoramos entrar), mas também os lugares obscuros que são algumas situações familiares e que existem em qualquer geografia.

“Shrinking”, temporada 2

Apple TV, quarta-feira, 16 de outubro

Estreada no início do ano passado, Shrinking vinha com as boas notícias de um papel principal para Jason Segel. Sempre bom vê-lo na frente. Contava ainda com Harrison Ford, em regime secundário, mas muito presente e nada decorativo. Aliás, era o melhor desta série.

O princípio era e continua a ser simples: Jimmy (Segel) é um psiquiatra que, por inúmeros factos pessoais, considera ótima ideia suplantar o que de errado lhe acontece com boas ações. E o bem, para ele, quando vê tantos pacientes inoperantes e com problemas óbvios de resolver na vida, é dizer-lhes a verdade e ativar o botão agir. Os resultados não são os esperados. Em simultâneo, vemo-lo a enfrentar os próprios demónios, poucas vezes da forma mais sensata. Tinha piada, mas deixou um travo amargo nos episódios finais, não concretizou muito bem o que prometia. Talvez esta segunda temporada recupere o que se perdeu no início.

“Siggi, O Rapaz Espião do FBI”

Filmin, quinta-feira, 17 de outubro

Conhecido como Siggi hakkari (Siggi, o hacker), Sigurdur Thordarson é uma espécie de Rui Pinto islandês, mas com camada sobre camada de histórias e factos. O documentário Siggi, O Rapaz Espião do FBI, de Ole Bendtzen, é uma tentativa de desmontar esta personagem.

Tornou-se conhecido, quando tinha dezassete anos, após divulgar inúmeros documentos de financeiras islandesas. Isso chamou a atenção de Julian Assange, em 2010, que o convidou para trabalhar na WikiLeaks. Tranquilo e previsível, até atraiçoar Assange e entregar informação ao FBI. Mais tarde, foi condenado por uma série de crimes nada relacionados com isto. Enfim, um tipo que começou nisto quando ainda era adolescente e com cada pé no lado certo e errado da força.

“Louder: The Soundtrack Of Change”

Max, quinta-feira, 17 de outubro

Em 2020, Selena Gomez e Stacey Abrams surgiram juntas em alguns momentos a propósito das eleições americanas desse ano. Agora voltam a reunir-se (enquanto produtoras e entrevistadas), também em ano de presidenciais, mas para falarem de outro tema: mulheres que fizeram a diferença na música.

Realizado por Kristi Jacobson, Louder tem uma série de boas imagens de arquivo e uma abordagem atenta ao que se anda a passar. Por exemplo, uma das entrevistadas é Kathleen Hanna, que há bem pouco tempo publicou o livro de memórias Rebel Girl, sobre o movimento Riot GRRRL. Além dela também participam Chaka Khan, Melissa Etheridge, Linda Ronstadt, H.E.R., Mickey Guyton, Rhiannon Giddens, Martha Gonzalez, Puja Patel, Suzy Exposito, Clover Hope e J Wortham.

“Rivais”

Disney+, sexta-feira, 18 de outubro

Baseado no romance de Jilly Cooper, Rivals tem potencial para ser a grande série britânica de final de ano. Cooper publicou o primeiro romance das suas Rutshire Chronicles no final da década de 1980 e é aí que a ação se passa, numa zona britânica inventada – Rutshire – e no universo televisivo.

É um mundo dominado por homens, num Reino Unido em crescimento económico, com uma mão (ou duas, porque quem já viu a série diz que é um elemento muito presente) cheia de sexo pelo meio e muitos maus penteados. Ao todo, serão oito episódios que estarão logo disponíveis, com um elenco composto por Alex Hassell, David Tennant, Aidan Turner, Victoria Smurfit e Katherine Parkinson.

“A Hora do Diabo”, temporada 2

Prime Video, sábado, 19 de outubro

Criada por Tom Moran, com Steven Moffat entre os produtores executivos, e um elenco composto por Jessica Raine e Peter Capaldi, A Hora do Diabo pode ter escapado a muitos em 2022, mas vale pena ser vista em preparação para esta segunda temporada.

Não são muitos episódios — seis, à boa maneira inglesa — e é um thriller sobrenatural em volta de uma mulher com hábitos estranhos e uma relação algo bizarra com alguns crimes que têm ocorrido no seu bairro. Um bom misto de policial com toques de política social e boas referências do universo terror. Não é o que parece e isso, neste caso, é bom.