O mundo enfrentou este ano 17 surtos de doenças perigosas, o que expôs as falhas dos atuais planos de prevenção de pandemias, mostrando a sua vulnerabilidade, alertou esta segunda-feira um grupo de especialistas ligado à Organização Mundial de Saúde (OMS).
O alerta está incluído no último relatório do Conselho de Monitorização da Preparação Global (GPMB), criado pela OMS para avaliar a preparação do mundo para enfrentar a próxima crise mundial de saúde, apresentado na Cimeira Mundial de Saúde, a decorrer em Berlim até terça-feira.
Nos últimos meses ocorreram surtos de monkeypox (doença também conhecida como ‘mpox’ ou varíola dos macacos), de gripe aviária H5N1 e do vírus Marburgo.
Nas conclusões do relatório salienta-se que a próxima pandemia “não seguirá o mesmo caminho da Covid-19”, pelo que as lições que poderão ser retiradas desse período de emergência “podem ajudar, mas não determinar” os planos de preparação dos países, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.
Estes planos devem ser revistos regularmente e ter flexibilidade suficiente para que possam servir de resposta em todas as situações.
“A próxima pandemia não vai esperar que aperfeiçoemos os nossos sistemas. Devemos investir agora em sistemas de cuidados primários resilientes e equitativos para enfrentar os desafios de amanhã”, disse a copresidente do GPMB e antiga ministra da Saúde do Botswana, Joy Phumaphi, citada pela agência noticiosa privada espanhola Europa Press.
O grupo consultivo chama a atenção para a urgência de se compreender que o mundo é vulnerável a muitas ameaças à saúde, indicando que entre as principais estão questões como “a falta de confiança entre e dentro dos países, as desigualdades económicas, a agricultura intensiva e a probabilidade de cruzamento entre humanos e animais”.
Para se protegerem eficazmente, os países devem “fortalecer os seus sistemas de saúde, dar prioridade à proteção social e garantir que os serviços de saúde essenciais sejam acessíveis a todas as comunidades, especialmente às mais vulneráveis e desfavorecidas”.
De acordo com o relatório, a resiliência face a futuras emergências sanitárias depende do investimento em investigação e desenvolvimento, da melhoria da tecnologia, de infraestruturas de saúde equitativas e de uma melhor compreensão da natureza dinâmica de todos os fatores de risco.
“No mundo interligado de hoje, a comunidade mundial deve assumir uma responsabilidade coletiva na prevenção e resposta às doenças, em vez de considerar a preparação como uma tarefa de cada país ou setor”, adianta o documento.
A Cimeira Mundial de Saúde decorre desde domingo sob o tema “Construir Confiança para um Mundo Mais Saudável”.