Um antigo agente da polícia secreta da República Democrática Alemã – STASI – foi condenado a dez anos de prisão por um crime que cometeu há cinco décadas: Manfred N., agora com 80 anos, matou a tiro um polaco perto da passagem de Friedrichstrasse, no Muro de Berlim, a 29 de março de 1974.

O primeiro-tenente da STASI baleou Czesław Kukuczka, bombeiro de 38 anos, executando um emboscada do serviço secreto da República Democrática Alemã, quando o polaco tentava emigrar para o Oeste, noticia o DER SPIEGEL.

Czesław Kukuczka terá chegado à embaixada da Polónia para reclamar documentos sob a falsa ameaça de carregar consigo explosivos, avança o Bild. Depois desta abordagem do polaco, Manfred N. foi encarregue de neutralizar Kukuczka, operação que concluiu. Mais tarde, Manfred N. foi mesmo condecorado pela polícia secreta com a “Ordem de Combate em Bronze”.

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O caso ressurgiu em 2016, segundo a Reuters, quando foi descoberta uma pista nos próprios arquivos da STASI: um documento que listava os agentes que tinham sido galardoados após a morte do polaco. Ao investigar o caso, o Ministério Público presumiu inicialmente que se tratava de um homicídio involuntário. Esta linha de investigação levou à suspensão do caso em 2017, pois seria um crime já prescrito. Foi só em 2023 que as autoridades consideraram ter provas que se tratava de um homicídio voluntário.

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No tribunal, nesta que é a primeira vez que um antigo oficial da STASI é condenado, Manfred N. ficou em silêncio: “Não quero dar mais informações”. O Ministério Público exigiu uma pena de doze anos de prisão para o ex-agente, enquanto o advogado do alemão declarou que a culpa do seu cliente não ficou provada e pediu uma absolvição. A sentença ditou uma condenação de dez anos.