Agora, parece quase destino. Antes, sem que nada apontasse para essa possibilidade, não passava de uma mera conjuntura que talvez carecesse de sentido. No futebol, tempo e espaço seguem uma linha muito ténue e diferente do resto onde tudo pode mudar instante. Neste caso, o instante demorou dois anos a chegar e o que tinha sido uma saída pela porta pequena não fechou a janela de oportunidade para Thomas Tuchel ter a oportunidade de continuar a escrever história em Inglaterra – neste caso, no comando da seleção.

“Estou muito orgulhoso por me ter sido dada a honra de liderar a equipa de Inglaterra. Há muito tempo que sinto uma ligação pessoal com o futebol deste país, que já me proporcionou alguns momentos incríveis. Ter a oportunidade de representar a Inglaterra é um enorme privilégio e a oportunidade de trabalhar com este grupo especial e talentoso de jogadores é muito emocionante. Trabalhando em estreita colaboração com Anthony [Barry] como meu treinador adjunto, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que a Inglaterra seja bem sucedida e os adeptos se sintam orgulhosos. Quero agradecer à Federação Inglesa pela sua confiança e estou ansioso por começar a nossa jornada juntos”, frisou o técnico alemão.

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Desta forma, Tuchel vai começar no comando dos Três Leões a partir de janeiro de 2025, tendo a seu lado o antigo adjunto de Roberto Martínez na Seleção, Anthony Barry. Desta forma, os dois últimos encontros da Liga das Nações terão de novo o interino Lee Carsley no banco, a começar pela deslocação à Grécia onde a equipa de Inglaterra está obrigada a ganhar caso ambicione chegar ainda ao primeiro lugar do grupo B2 da Liga das Nações, que confere a subida direta à Liga A da competição. Três dias depois, a 17 de novembro, os britânicos fecham esta fase de grupos com uma receção à Rep. Irlanda no Estádio de Wembley.

De recordar que Gareth Southgate, antigo internacional que se tornou depois o terceiro selecionador inglês de sempre com mais jogos e tempo no cargo (neste caso, a par de Bobby Robson), deixou o comando dos Três Leões após mais uma final perdida do Campeonato da Europa frente à Espanha. Antes, o ex-defesa, que chegou em 2016, terminou o Mundial de 2018 na quarta posição, perdeu nas grandes penalidades a final do Euro-2020 em Wembley frente à Itália e caiu nos quartos no Campeonato do Mundo de 2022. Ao todo, Southgate fez 102 encontros no comando da seleção britânica com 62,7% de vitórias (64), apenas superado por Walter Winterbottom (1946-1962) e Alf Ramsey, o obreiro do Mundial de 1966 (1963-1974).

Em relação a Thomas Tuchel, de 51 anos, vai tornar-se apenas o terceiro selecionador estrangeiro a comandar a Inglaterra depois do sueco Sven-Göran Eriksson (2001-2006) e do italiano Fabio Capello (2008-2012). O objetivo do germânico, esse, é claro: aproveitar a atual geração de talentos ingleses para ganhar títulos depois de duas finais perdidas e de dois terceiros lugares em Campeonatos da Europa, bem como dois quartos lugares em Mundiais, desde 1966, ano em que a Inglaterra se sagrou campeã mundial em “casa”.

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Depois de uma carreira modesta como jogador, com passagens por Augsburgo, Stuttgarter Kickers e Ulm, Tuchel começou o trajeto de treinador na equipa B do Augsburgo antes de assumir o comando do Mainz, de 2009 a 2014. A partir daí, deu o salto para o B. Dortmund (uma Taça da Alemanha) e rumou em 2018 ao PSG, onde ganhou dois Campeonatos, uma Taça de França, uma Taça da Liga e duas Supertaças. Apenas um mês depois de sair de Paris, em dezembro de 2020, o alemão assumiu a liderança do Chelsea, onde ganhou a Liga dos Campeões frente ao Manchester City no Porto além do Mundial de Clubes e da Supertaça Europeia. Acabou por deixar os londrinos pela porta pequena em setembro de 2022, rumando ao Bayern em março de 2023 com a conquista da Bundesliga antes de sair dos bávaros no final da época de 2023/24.

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