Ainda não existe uma data definida para as eleições da Federação Portuguesa de Futebol, que irão realizar-se no início de 2025 após o final do terceiro e último mandato de Fernando Gomes na liderança do órgão (tudo aponta para que seja a opção mais forte ao Comité Olímpico de Portugal, encontrando-se neste momento em reflexão depois do repto que lhe foi lançado nesse sentido), mas já começaram as primeiras movimentações mais “a sério” na luta pela presidência. Entre muitas opções e nomes ventilados, a corrida deverá ficar apenas reduzida a dois nomes: Nuno Lobo e Pedro Proença. No entanto, o arranque de ambos é distinto.

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Nuno Lobo, que está também a cumprir o terceiro e último mandato na liderança da Associação de Futebol de Lisboa que acaba no final deste ano, apresentou esta terça-feira a candidatura oficial à FPF. Para já prefere não falar sobre a figura de Luís Figo, antigo internacional que chegou a ser apontado como o nome mais forte à presidência da Federação e com quem manteve alguns encontros antes de avançar com uma lista, tem como prioridade a apresentação de um programa “reformista” com medidas que consigam ser estruturantes para o futebol e demais modalidades nacionais e sobretudo recusa a ideia de partir atrás de Pedro Proença, atual presidente da Liga a quem aponta a mira enquanto mais do que provável adversário nesta corrida.

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Ainda assim, o líder do órgão que tutela os clubes profissionais – que ainda não tem uma data oficial para fazer o anúncio da candidatura à presidente da FPF apesar de ter voltado a ouvir as formações que fazem parte da Liga a manifestar o seu apoio à ideia – tem vindo a preparar há algum tempo aquilo que pretende preconizar para o futuro do futebol português, não apenas em encontros da Liga mas também em reuniões de trabalho que tem promovido com vários agentes da Federação. A última, realizada em Gaia no feriado de 5 de outubro, terminou com a convicção de que já conta com os apoios suficientes para sair vencedor.

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Na ata desse último encontro, a que o Observador teve acesso, Pedro Proença voltou a reforçar a ideia de que pretende criar um “projeto integrador” que possa ouvir toda a comunidade do futebol, aproveitando esse encontro numa unidade hoteleira para dar conta do calendário eleitoral previsível nesta fase, fazer também uma avaliação daquilo que é agora o caderno eleitoral e partilhar de novo ideias chave do plano programático que tem vindo a ser consolidado com a auscultação das várias associações, clubes e grupos que constituem o universo de delegados com votos nas eleições da FPF (que irá tomar posse nos próximos dias). Conclusão: perante a lista de presentes e o apoio manifestado, 75% do caderno eleitoral apoia Pedro Proença.

Num cenário mais macro, o atual presidente da Liga começou por explanar três grandes pontos mais estratégicos do seu projeto: a visão de uma Nação do Futebol capaz de alimentar aquilo que é um talento que está na sua gene com uma comunidade unida inspirada na própria história; a missão de inspirar Portugal através do futebol como um motor de desenvolvimento social que possa preservar a essência do jogo através da sua governance; e pilares como “Um só futebol” (slogan que seria depois muito utilizado por todas as pessoas e entidades que marcaram presença neste encontro), excelência desportiva, sustentabilidade e transparência, futebol ao serviço da sociedade e referência no conhecimento e na inovação.

[Já saiu o quarto episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts e no Spotify. E pode ouvir aqui o primeiro episódio, aqui o segundo e aqui o terceiro.]

Para cumprir os propósitos, Pedro Proença propõe 18 grandes desafios em termos governativos e desportivos. Entre algumas ideias partilhadas estão um modelo mais inclusivo para os sócios da Federação que permita uma aproximação de todos ao órgão, um novo modelo de financiamento de associações distritais e regionais, a capacidade de ajudar associações de classe a terem estruturas financeiras sustentáveis, um relacionamento diferente com a Liga de Clubes – tendo em vista aquilo que será um tema central a breve e médio prazo, a centralização dos direitos televisivos –, a garantia da solidez financeira de todo o ecossistema em torno do futebol nacional, a potenciação da marca FPF, a criação da Fundação FPF, um novo modelo para a arbitragem e disciplina, o aproveitamento da oportunidade que será a organização do Mundial-2030, a reformulação dos quadros competitivos, uma estratégia comum entre a formação e o alto rendimento de topo e um novo programa para potenciar a afirmação no futebol feminino, num plano nacional e regional.

Todos os participantes na reunião tomaram depois a palavra, com pontos comuns como os elogios a toda a capacidade de liderança, organização, planeamento e ambição de Pedro Proença e respetiva equipa. Entre os pedidos feitos, surgiram a maior ligação entre associações regionais e de classe, melhor interação entre a FPF e a Liga, mais cursos de treinadores, criação de pontes para uma maior aposta do governo através de uma política de investimento em infraestruturas e maior aposta no futsal feminino.

“A Associação estará sempre com Pedro Proença” e “Não se vislumbra ninguém melhor do que Pedro Proença” foram algumas das frases ouvidas no final dessas intervenções. “Todos os presentes devem dar conta de forma frontal da sua posição de apoio à candidatura para que não restem ilusões para outros putativos candidatos”, reforçou outro líder de associação. “O apoio já foi aprovado por unanimidade em sede de reunião de Direção”, adiantou um presidente de associação de classe. Também o nome de Nuno Lobo foi falado nesse encontro, como ficou expresso na ata a que o Observador teve acesso, com uma associação distrital a queixar-se das tentativas de interferência de pessoas ligadas à outra candidatura e uma associação de classe a revelar convites recusados feitos pela outra lista que irá concorrer às eleições, frisando que mantém o apoio total a Proença e ao projeto com mais de 400 propostas que estão a ser elaboradas.

Estiveram presentes nesse encontro a 5 de outubro as Associações distritais de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Viseu, Guarda, Coimbra, Leiria, Beja, Évora, Algarve e Madeira, além de representantes e líderes de associações de classe como a APAF (árbitros), a ANTF (treinadores), AMEF (médicos), ANEDAF (enfermeiros), ANDIF (dirigentes) e o Sindicato de Jogadores. Ao todo, estavam na sala 63 dos 84 delegados que irão votar nas eleições da Federação Portuguesa de Futebol, que deverão em breve conhecer uma data para uma corrida que parece cada vez mais estar circunscrita a dois candidatos.