Autoridades portuguesas e espanholas desmantelaram uma “sofisticada rede criminosa” que fabricava em Portugal “barcos ilegais usados para transportar grandes quantidades de droga para Espanha”, numa operação que levou à detenção de 28 suspeitos, foi divulgado esta sexta-feira.
Em comunicado, a Agência da União Europeia para a Cooperação Judiciária (Eurojust), que coordenou a investigação internacional, adianta que foram ainda apreendidos “23 quilos de heroína, duas plantações de marijuana, quatro narco-barcos e mais de 150 mil euros em dinheiro“.
As autoridades “intercetaram dois barcos com drogas antes que pudessem partir”, numa operação realizada em Viana do Castelo e na Galiza, Espanha, mobilizando 200 agentes e que levou à prisão de 28 suspeitos em Espanha, acrescenta.
Devido à cooperação entre autoridades portuguesas e espanholas, coordenada pela Eurojust, “todos os membros do grupo foram identificados e evidências suficientes foram reunidas para lançar uma operação internacional que desmantelou o grupo criminoso”, indica a agência para a cooperação judiciária.
“O grupo criminoso fabricava barcos ilegais que eram usados para transportar grandes quantidades de drogas para Espanha. Também estava envolvido no tráfico de drogas”, refere.
De acordo com a Eurojust, “o grupo criminoso montou vários armazéns em Espanha e em Portugal, onde barcos que são ilegais na Espanha eram fabricados em Portugal”.
“Os barcos eram então vendidos a outros grupos criminosos, que os usavam para transportar drogas como heroína e marijuana para a Espanha”, descreve.
Por outro lado, o grupo “também usava seus próprios barcos e tripulações para transportar drogas para a Espanha”.
A investigação começou no fim de 2022, quando as autoridades “souberam da produção e venda de narco-barcos pelo grupo”, que estava “ativo em Portugal e Espanha”.
Foi por isso criada na Eurojust uma equipa de investigação conjunta (JIT) “para permitir que as autoridades portuguesas e espanholas investigassem a organização em conjunto”.
A equipa “permitiu que as autoridades trocassem informações e evidências direta e rapidamente, cooperassem em tempo real e realizassem operações em conjunto”.
Em abril, a Guardia Civil espanhola adiantou à Lusa que três portugueses estavam a ser investigados no âmbito do desmantelamento de uma alegada rede criminosa que operava na Galiza e no Norte de Portugal para fornecer lanchas para o narcotráfico.
Numa operação policial levada a cabo na Galiza e em Valença, no distrito de Viana do Castelo, foram detidas seis pessoas e colocadas sob investigação outras cinco, três das quais de nacionalidade portuguesa, por serem “presumíveis autores dos delitos de pertencer a uma organização criminosa, branqueamento de capitais e tráfico de drogas”, descreveu a Direção Geral da Guardia Civil espanhola numa nota de imprensa.
“A organização operava entre a província de Ourense e o Norte de Portugal, a partir de onde fornecia os motores e lanchas a organizações da zona do Estreito de Gibraltar que os utilizavam em tráfico de droga e no transporte ilegal de imigrantes”, indicou, então, a Guardia Civil, que atuou com a autoridade tributária espanhola, em colaboração com a Polícia Judiciária (PJ) de Braga.
Durante a operação, constatou-se que “várias das embarcações fabricadas pela organização estão ligadas com a apreensão de mais de quatro mil quilos de cocaína e quatro mil de haxixe no Estreito de Gibraltar e em águas internacional”, acrescentava a polícia espanhola.
As autoridades apreenderam, então, 30 mil euros em dinheiro, oito barcos, 25 motores de grande cilindrada, material náutico, radares GPS, antenas e diversa documentação, computadores e terminais móveis, acrescenta o comunicado da Guardia Civil.