O banco central chinês anunciou esta segunda-feira a incorporação de acordos de recompra a título definitivo como parte das suas operações monetárias, visando gerir os prazos e manter uma liquidez adequada no mercado interbancário.
Em comunicado, o Banco Popular da China (PBOC, na sigla em inglês) adiantou que estas operações vão ser realizadas mensalmente, com duração máxima de um ano, e envolverão os principais participantes no mercado.
A operação de recompra definitiva consistirá na compra de títulos com o compromisso de os vender numa data futura. As garantias incluirão obrigações soberanas, dívida local e de empresas.
O novo instrumento vem juntar-se aos instrumentos existentes, como os acordos de recompra a sete dias e o financiamento aos bancos através de facilidades de crédito a médio prazo, que oferecem prazos intermédios de três e seis meses.
Com esta medida, o banco central procura otimizar a gestão da liquidez antes do vencimento de 1,45 biliões de yuan (188,4 mil milhões de euros) em empréstimos de médio prazo, em novembro e dezembro, minimizando a necessidade de ajustamentos em baixa das reservas obrigatórias dos bancos, segundo dados divulgados pela agência de notícias financeira Bloomberg.
Esta iniciativa permitirá também que as obrigações utilizadas como garantia continuem a circular no mercado secundário, reforçando assim a segurança dos mutuantes e alinhando as práticas chinesas com as normas internacionais.
Isto aumenta ainda a flexibilidade do sistema financeiro do país e facilita a entrada de investidores estrangeiros no mercado interbancário, segundo analistas do setor, citados pelo jornal local The Paper.
A introdução da recompra definitiva surge num contexto de aumento da procura de liquidez no final do ano e de expectativas de emissão de estímulos orçamentais que poderão aumentar o endividamento público.
O PBOC anunciou na semana passada um corte de 25 pontos base na taxa de juro de referência a um ano para 3,1%, para apoiar a economia e reduzir os custos dos empréstimos.
A última descida tinha sido em julho, de 3,45% para 3,35%, a única redução deste ano, num contexto de prudência face à divergência com outros países, onde as taxas estavam a subir para conter a inflação, o que pressionava a taxa de câmbio do renmimbi.
No entanto, as autoridades chinesas já tinham antecipado uma mudança de rumo entre os principais bancos centrais no final deste ano, o que lhes ofereceria mais flexibilidade.
Nas últimas semanas, Pequim anunciou uma série de medidas de estímulo, após uma redução das taxas de juro nos Estados Unidos e também depois da divulgação de dados económicos piores do que o previsto para agosto, com o Presidente chinês, Xi Jinping, a apelar a esforços acrescidos para atingir o objetivo de crescimento económico deste ano de cerca de 5%.
A fraca procura interna e internacional, os riscos de deflação, uma crise imobiliária que ainda não chegou ao fim e a falta de confiança dos consumidores e do setor privado são algumas das causas apontadas pelos analistas para explicar o abrandamento da segunda maior economia do mundo.