Os doentes menos graves vão ser desviados “até ao final do ano” das urgências hospitalares para os centros de saúde da região Oeste, anunciou esta terça-feira a administradora da Unidade Local de Saúde (ULS) à agência Lusa.

“Esperamos até ao final do ano estar em condições de avançar com este projeto que, acima de tudo, visa dar uma melhor resposta aos doentes, encaminhá-los para a melhor solução para a sua situação clínica, com menos esperas e não sobrecarregando os serviços de urgência”, disse Elsa Baião à agência Lusa.

A ULS Oeste vai aderir ao projeto “Ligue Antes, Salve Vidas”, da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde, através do qual as urgências hospitalares passam a receber apenas doentes referenciados pela Linha SNS24.

Deixam, por isso, de receber doentes a quem até aqui era atribuída uma pulseira verde ou azul (menos graves), como sejam infeções respiratórias ligeiras, infeções urinárias ou gripes.

“São situações que não exigem uma urgência e que podem ter o atendimento médico necessário sem longas horas de espera e sem se sujeitarem a estar num ambiente naturalmente contaminado, como uma urgência hospitalar”, frisou a presidente do concelho de administração da ULS Oeste.

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Antes de se deslocarem à urgência, os cidadãos terão de contactar a Linha SNS24, através da qual o doente é encaminhado para uma urgência hospitalar ou para os cuidados primários, consoante a avaliação da sua situação clínica.

As consultas nos centros de saúde terão de ser realizadas até 48 horas depois do telefonema para a Linha SNS24.

São excluídos destes critérios os doentes acamados, com patologias clínicas com mais de 70 anos ou menos de um ano de idade.

“Ninguém vai barrar a entrada nas urgências, vamos tentar encontrar uma solução que seja mais adequada para a situação clínica de cada doente, ou seja, as pessoas podem entrar na mesma se tiverem critério hospitalar ou se não houver solução nos cuidados primários naquele dia ou no dia seguinte”, assegurou a gestora hospitalar.

Nas urgências de Torres Vedras e Caldas da Rainha, os doentes a quem são atribuídas pulseiras verdes e azuis (menos graves) correspondem a 30 a 35% do total de doentes atendidos na urgência de adultos e de 70% na urgência pediátrica.

Elsa Baião referiu que “não está definida uma meta concreta de redução” dos doentes com pulseira azul e verde nas urgências hospitalares: “temos que ir avaliando aos poucos e também de acordo com a nossa capacidade de resposta”.

A administradora da ULS admitiu existirem “grandes dificuldades” relacionadas com a falta de médicos, com 46% dos utentes dos centros de saúde da região sem médico de família atribuído.

Para implementar o projeto, “estão previstas mais horas de trabalho de médicos de clínica geral, de medicina geral familiar”, através de horas extraordinárias ou contratação de horas a médicos prestadores de serviços para consultas presenciais ou teleconsultas.

“Claro que pode haver aqui um crescimento de custos nesta vertente dos cuidados primários, mas isto vai implicar uma diminuição de encargos e, acima de tudo, de sobrecarga de trabalho nas urgências hospitalares, o que é muito positivo”, esclareceu.

A Unidade Local de Saúde do Oeste agrega, desde o início deste ano, o Centro Hospitalar do Oeste (que inclui os hospitais das Caldas da Rainha e Peniche, no distrito de Leiria, e de Torres Vedras, no distrito de Lisboa), o Agrupamento de Centros de Saúde do Oeste Norte e o Agrupamento de Centros de Saúde do Oeste Sul.

No conjunto integra os concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Bombarral e Peniche, no distrito de Leiria, e de Lourinhã, Cadaval, Torres Vedras e Sobral Monte Agraço, no distrito de Lisboa, com uma população de 235 mil habitantes.