Nunca houve tantas questões a Rúben Amorim entre zonas de entrevistas rápidas e conferência de imprensa, também nunca houve tão poucas alusões a um encontro que tinha terminado há alguns minutos. Sim, nada era por acaso e o facto de haver jornalistas ingleses em Alvalade para um encontro do Sporting frente ao Nacional para a Taça da Liga, fazendo mesmo perguntas na parte final da passagem pelo Auditório Artur Agostinho, apontava no mesmo sentido. O que disse o técnico? Nada que fugisse muito à ideia de que não há (ainda) nada para comunicar. Falou de mais coisas, respondeu a tudo, foi sempre de uma forma constante no mesmo sentido. Quem o conhece comentava no final que a própria cara dizia mais do que as mil palavras que teve de dar para não sair do mesmo sítio. Dar porque quis – todos fizeram questões.
“Ninguém sabe se é jogo de despedida, se vai haver despedida. É algo que ainda não está decidido, então vamos fazer a análise do jogo….”, começou por dizer na zona de entrevistas rápidas da SportTV, quase que desarmando tudo o resto que vinha de seguida. “Agora não tenho nada a dizer, estamos aqui a fazer análise. Tudo o que eu diga só vai criar mais ruído. Não há nada para falar sobre o assunto. Há o comunicado, toda a gente sabe, foi dito pelo clube. De resto, não sabemos os pormenores ao certo, veremos. Vai passar pela minha decisão como disse o comunicado mas dizer agora meias coisas não me parece o melhor”, referiu pouco depois, falando também de um jogo “estranho” que teve também um ambiente… “estranho”.
“Como se blinda o balneário num dia destes? “É difícil… É quase impossível, são coisas do futebol, houve o comunicado e aconteceu em dia de jogo. Isso não se controla. O ambiente não foi o perfeito e o que fizemos foi fazer o nosso trabalho, sem a mesma alegria ou cabeça limpa, e isso notou-se no estádio. Não sou ingénuo e sei perceber o ambiente. Consigo sentir as coisas, não sou parvo, aqui, na Academia… Quando tiver de assumir alguma coisa, vou assumir”, comentou depois em declarações à Sporting TV, onde também não fugiu do tema antes de um autêntico “bombardeamento” de perguntas em torno do Manchester United.
“Houve o comunicado do clube e é a única coisa que há no momento. Há interesse do Manchester United mas passa por ser uma escolha minha. Enquanto não estiver tudo decidido, não vamos estar a criar ruído. Não tenho nada de jeito para dizer. Irei assumir tudo o que quiser fazer, como sempre fiz. Cláusula de dez milhões? Não vou estar a falar do meu contrato, é uma coisa entre mim e o Sporting. Todas as cláusulas que existem num contrato, é a entidade patronal que as mete e o trabalhador que as mete também. O que eu posso dizer é que no comunicado está toda a informação que é precisa”, salientou na conferência.
“Não vos posso dizer mais nada do que isto. Há uma intenção do clube, que está em conversações com o Sporting, mas será sempre uma decisão minha. Estar a falar agora é só estar a criar ruído para o clube e toda esta situação. Há um comunicado do clube. Não consigo prometer nada, o que eu sei é que amanhã [quarta-feira] vou estar no treino e vou preparar o jogo com o Estrela. Conversa com os jogadores? Não houve conversa de nada, houve só antes das bolas paradas um tirar do elefante da sala. Antes de sair o comunicado, expliquei aos jogadores tudo o que se passava. Não há mais nada a dizer”, referiu, num tema que voltaria a abordar mais tarde a propósito das consequências de uma eventual saída de Alvalade em breve.
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“A estabilidade não é tudo na vida. Teremos tempo para falar nisso. Explicarei o que tenho de explicar. Em relação à minha palavra, nenhuma coisa impede que aconteça algo no mundo de futebol. Uma coisa não impede a outra. A única vez que faltei ao que disse foi no dia do avião. Tenho a máxima estabilidade, sou muito feliz aqui. Gosto muito do meu staff, uma coisa não impede a outra. Vamos ver o que acontece no futuro. Depois disso não voltei a falar à minha palavra. Faltei uma vez, quando disse que se me quisessem mandar embora teriam de pagar e quando ficámos em quarto disse que saía sem receber nada, mas desta vez não tem nada a ver com isso. Estas coisas não controlo, o que controlo é o que vem aí para a frente. Neste momento não há decisão tomada. Existe um clube, há uma cláusula e a intenção de pagar”, frisou Amorim.
“Reação dos adeptos? “Ainda não saí do Sporting… O que eu digo é que quando estiver tudo decidido, eu virei aqui falar tudo e explicar tudo. Claro que eles estão revoltados. Têm muito carinho por mim e pelo meu trabalho. As pessoas têm de sentir aquilo que têm de sentir neste momento. Percebo isso, é perfeitamente natural. Se eu tiver oportunidade, e certamente que vou ter, eu vou explicar tim tim por tim tim porque decidi uma coisa ou outra. O ambiente no estádio também senti. Os próprios jogadores também foram para o estágio e eu senti diferente que estava diferente. Quando apanhei o avião [para Londres], pensei que o Campeonato já estava ganho. Na altura não podia dizer isto mas agora digo. Os jogadores não precisam de fazer pedido nenhum porque eu sei aquilo que os jogadores querem”, voltou a reforçar o técnico leonino.
“Eu quero que nós todos sejamos bicampeões, que se ganhe a Taça e a Taça da Liga. Surgiu esta situação, mas o facto de eu querer isso não mudou. Vou explicar todas as minhas decisões no fim, aconteça o que acontecer. Não tenho nada para vos dizer neste momento. Se o United não é um clube com uma menor estabilidade? Estamos a dar passos em frente nesse aspeto. Vocês vão ficar esclarecidos e as pessoas vão ficar esclarecidas. Responder a essa pergunta ia fazer parecer que ia estar a passar a carroça à frente dos bois”, salientou.
“O que há é um clube a falar com outro clube, depois dá-se o próximo passo com o treinador. Acontece em muitas situações. Aconteceu com o Braga. O que falta decidir? São coisas minhas. Se quero ir ou não, depois vou a essa decisão. Não vou dizer. Não me meto na vida dos jogadores mas sou o treinador, falei com a direção para perceber como gerir o plantel. Sem dúvidas que os meus jogadores ficarão desapontados comigo se sair mas faz parte da vida. Aconteceu isso em Braga, quando vim. Aconteceu um bocado isso, porque ficaram desapontados. Há coisas que mudam a vida das pessoas, é uma situação difícil. Não vou dizer se quero ir ou não. É das poucas coisas que ainda falta. Percebo que estejam desapontados mas tenho de viver com isso. Importante é chegar ao final e explicar tudo, isso vou fazer”, apontou, em mais uma resposta onde deixava nas entrelinhas a decisão tomada de sair mas que está ainda presa por pontos não resolvidos.