Raparigas sem prática de futebol têm participado em Lisboa em treinos de captação da Fundação do Sporting, para integrarem um projeto internacional de empoderamento através do futebol e de promoção da igualdade de género e da inclusão social.

O projeto Goleadoras dedica-se a fortalecer a autoconfiança, a resiliência e as capacidades de liderança de raparigas de comunidades desfavorecidas e teve início há três anos na Colômbia, tendo-se estendido ao Equador, à Venezuela, ao Sul da Florida (Estados Unidos) e, agora, a Portugal através de parceria com a Fundação do Sporting.

A CEO do projeto, Eglantina Zing, destacou à Lusa a importância de trazer pela primeira vez as Goleadoras para a Europa e de explorar o potencial do futebol feminino em Portugal, uma colaboração que acredita poder estabelecer um precedente poderoso para capacitar mais raparigas a aderir ao desporto, não apenas para jogar mas para prosperar na vida.

É uma receita perfeita para inspirar uma nova geração de atletas femininas que não só se destacarão em campo, mas também contribuirão positivamente para a sociedade“, afirmou, destacando como valores fundamentais do projeto a promoção da igualdade de género, competências socioemocionais e liderança.

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Ainda em fase de captação de jogadoras até novembro, em Portugal o projeto conta já com 15 raparigas que começaram treinos em setembro e que, na terça-feira, para assinalar a inauguração oficial do projeto, no jogo entre o Sporting Clube de Portugal e o Nacional, no estádio José Alvalade, entraram a acompanhar os jogadores com a camisola do projeto.

Esta parceria vai permitir mais uma oferta para quem está inserido no centro social da Musgueira ou para quem tem interesse e vem de fora mas também quer participar, disse a coordenadora executiva da Fundação Sporting, Inês Seco, destacando tratar-se de um projeto inovador com impacto bastante positivo noutros sítios do mundo.

A ideia base do projeto é a de trabalhar competências pessoais através do desporto: “Isto não é um treino igual a todos os outros de futebol porque aqui usamos a metodologia Goleadoras (..) para, no fundo, empoderar estas jovens adultas para um futuro mais promissor”, explicou Inês Seco.

O futebol usado como ferramenta para empoderar jovens raparigas inclui treinos que começam com o exercício de competências pessoais, como liderança, saúde física e mental, comunicação, disciplina e resiliência, autoconfiança e autoestima, irmandade e trabalho em equipa, e só depois o treino físico.

Marisa Justino, de 17 anos, que estuda para ser técnica de serviços jurídicos, recebeu a convocatória na Casa de Acolhimento Fundação Maria Droste, onde reside, e decidiu experimentar mesmo não sendo praticante de futebol porque, como explicou, precisa de ocupação fora da escola que lhe “alivie a cabeça fora do telefone”.

Também Inês Pereira, de 12 anos, que reside com a família no Lumiar, foi aliciada pelo centro social da Musgueira a participar no projeto e também era uma jogadora muito esporádica porque o futebol não era a sua atividade desportiva favorita, mas aceitou integrar o grupo com o objetivo de se divertir.