O governo moçambicano avisou esta quarta-feira que “não quer que se repita” a paralisação quase total em três dias da semana passada, convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, prometendo segurança às empresas, apesar do apelo a sete dias de greve.

O nosso apelo é que as empresas se mantenham abertas. O nosso apelo é que os trabalhadores, os funcionários, se dirijam aos locais de trabalho. O governo vai fazer o seu melhor para garantir a segurança e queremos que o país não tenha paragem, porque isso vai ter grandes efeitos na economia do país”, disse o ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno.

O governante liderou uma reunião que juntou esta quarta-feira, em Maputo, ao longo de várias horas, cinco ministros, de áreas como transportes, turismo, pescas, energia, indústria e comércio, com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), para analisar “os impactos” das manifestações e paralisações convocadas por Venâncio Mondlane – que não reconhece os resultados das eleições gerais de 09 de outubro -, realizadas em 21, 24 e 25 de outubro, bem como nova paralisação anunciada a partir de quinta-feira, durante sete dias.

“Portanto, foi quase uma paralisação total, com poucas empresas a funcionarem. Este é um cenário que o governo não quer que se repita, sobretudo porque nós somos um país pobre, um país que precisa trabalhar, um país que já teve experiência amarga da guerra”, reconheceu o ministro.

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“Nós pretendemos que o país continue em paz, que as manifestações não sejam para a destruição da economia, que não sejam para destruição das infraestruturas e que não seja ninguém impedido de ir trabalhar, porque essa é, de facto, a forma de termos a economia a funcionar”, disse Silvino Moreno.

O ministro garantiu que será dada segurança às empresas e que as manifestações anunciadas, desde que sem envolver violência ou impedindo os trabalhadores de se deslocarem ao emprego, podem acontecer.

Ministério Público moçambicano pede que juventude se abstenha de “manifestações que violam a lei”

O Ministério Público moçambicano apelou esta quarta-feira à juventude para que não adira a “manifestações que violam a lei”, acusando os protestantes que têm estado nas ruas desde o anúncio dos resultados eleitorais de estarem a destruir infraestruturas.

“Na qualidade de garante da legalidade, a Procuradoria-Geral da República desencoraja a todos cidadãos, no geral, a organização e adesão a manifestações que violam a lei”, refere o Ministério Público (MP), em comunicado distribuído esta quarta-feira à comunicação social.

Em causa estão as manifestações que têm sido convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane em protesto contra alegada fraude eleitoral na votação de 9 de outubro, eventos que culminaram com violentos confrontos entre a polícia e os seus simpatizantes na semana passada, com novas ações previstas a partir de quinta-feira e durante uma semana.

“Os participantes das manifestações convocadas têm estado a protagonizar atos de vandalização de bens públicos e privados, incêndio de edifícios públicos, colocação de barricadas nas vias públicas, impedindo a livre circulação de pessoas e bens, com consequências graves para a vida e integridade das pessoas, bem como, prejuízos avultados para a economia e segurança do Estado”, refere o MP, lembrando que o “apelo a insurreição e incitamento ao ódio são puníveis com pena de prisão que pode ir até 8 anos“.