A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, esclarece que o direito à greve das forças policiais não vai ser discutido nas negociações previstas para janeiro. A clarificação é feita depois de, mais cedo este domingo, a governante ter dado declarações aos jornalistas no final do primeiro congresso da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia que foram interpretadas em sentido contrário.

“O programa do Governo é claro quanto ao objetivo de valorização e dignificação da carreira dos profissionais de polícia. A ministra da Administração Interna falou da abertura do diálogo, que a tem caracterizado, e onde tudo se discute. Mas a posição do Governo é clara: neste diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve“, esclarece o Ministério da Administração Interna em comunicado.

Na nota, a tutela indica ainda que a interpretação das declarações de Margarida Blasco “apenas é atribuível a quem a fizer e em momento algum pode vincular o Ministério da Administração Interna que tudo tem feito para, com respeito pelas partes envolvidas, cumprir o programa do Governo”.

Foi no final do primeiro congresso da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia que a governante disse que o direito à greve das forças policiais é “um ponto que pode estar e estará, com certeza, em cima da mesa” do “conjunto de revisões” que vai começar no dia 6 de janeiro a ser negociado. “Neste momento não vou dizer se sim ou se não, porque vai ter de ser submetido a um estudo”, acrescentou Margarida Blasco.

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Estas declarações foram interpretadas como uma abertura de portas à discussão do direito à greve nas polícias, algo que agora foi desmentido pelo Ministério da Administração Interna.

Ministra admite debater o direito à greve nas polícias. Montenegro chegou a acusar Ventura de “irresponsabilidade”

O esclarecimento emitido pelo Ministério da Administração Interna foi referido por Luís Marques Mendes no seu habitual espaço de comentário aos domingos à noite na SIC. “A ministra teve uma infelicidade”, começou por dizer, lembrando que Montenegro tinha sido “categórico” sobre este tema, nomeadamente quando durante um debate “chamou irresponsável a André Ventura por defender o direito à greve” das polícias.

“A ministra não podia vir contrariar a opinião do primeiro-ministro, era o que faltava”, afirmou Marques Mendes, que criticou também o sentido de “oportunidade” da governante. “No momento em que as pessoas querem mais segurança vai-se falar de direito à greve dentro das polícias? É o mundo das prioridades invertidas.”

Considerando que Margarida Blasco fez “bem” em recuar, o comentador aconselhou a ministra da Administração Interna a, no futuro, “pensar antes de falar”.