O Brasil trouxe uma revolução à Fórmula 1. Sem que nada o fizesse prever, a chuva instalou-se em São Paulo durante o fim de semana e obrigou a direção de corrida a fazer uma ginástica para tentar completar o Grande Prémio até este domingo. Depois de Lando Norris (McLaren) ter vencido a corrida sprint no sábado, a qualificação foi adiada para este domingo devido às condições climatéricas, que também obrigaram a antecipar a corrida em hora e meia. Ainda assim, o britânico voltou a dominar uma qualificação que teve cinco bandeiras vermelhos, durou cerca de uma hora e 40 minutos e viu Max Verstappen ficar em 12.º, partindo de 17.º devido a um penalização.

O trabalho de equipa de dois trouxe a vitória de um: Lando Norris ganha corrida sprint em São Paulo

Desta forma, a luta pelo Campeonato do Mundo continuava relançada, perspetivando-se que Norris conseguisse fazer um fim de semana perfeito e conquistar mais 25 pontos — que até podiam ser 26. “Houve muita coisa a acontecer, mas estou super feliz. Lutei muito no início da qualificação. Tinha muito trabalho para fazer e não estava nada confortável. Trabalhei muito durante a qualificação. Tinha muitas áreas em que precisava de melhorar, mas foi exatamente isso que fiz. Fiquei novamente um pouco surpreendido por estar na pole, mas fiz algumas boas voltas. Senti-me bem no final. Foi um bom resultado para nós”, partilhou o piloto de 24 anos na flash-interview.

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Deste modo, Lando Norris partiu da primeira linha, ao lado de George Russell (Mercedes) e à frente de Yuki Tsunoda (VCARB) e Esteban Ocon (Alpine). Lewis Hamilton (Mercedes) começou em 14.º, Max Verstappen em 17.º devido a alterações no motor do monolugar e Carlos Sainz (Ferrari) partiu da via das boxes. Alex Albon, que ia partir de sétimo, não alinhou porque a Williams não conseguiu reparar o monolugar a tempo da corrida. Com as condições da pista muito difíceis em Interlagos e os pilotos com pneus intermédios, os problemas começaram logo na volta de formação, com o Aston Martin de Lance Stroll a sair de pista e acabar na gravilha, levando a direção de corrida a abortar a partida.

Com a corrida a passar para as 70 voltas, a partida acabou por acontecer mais de 20 minutos para lá do suposto, acabando por colocar a tempestade no horizonte da fase inicial da prova. Norris acabou por não conseguir segurar a primeira posição e foi ultrapassado por Russell. Verstappen teve um arranque de sonho e, à quinta volta, já tinha subido oito posições e estava em nono. Em sentido inverso, o colega de equipa Sergio Pérez perdeu o controlo do monolugar na segunda volta e caiu para o último lugar. O campeão do mundo acabou por entrar na discussão pelo pódio, numa luta a quatro com Charles Leclerc (Ferrari), Ocon e Tsunoda. Na frente, Russell ia aproveitando as retas para aumentar a vantagem sobre Norris.

Na volta 22, Verstappen tentou o ataque a Leclerc, mas o monegasco defendeu-se bem e aguentou o top 5. O piloto da Ferrari acabou por ser o primeiro a ir às boxes mudar de pneus, mas a mesma estratégia foi adotada pouco depois por Russell e Norris, que aproveitaram um virtual safety car para fazer a mudança. Contudo, os dois da frente demoraram a entrar na boxe e, quando o fizeram, acabaram por ser ultrapassados por Ocon e Verstappen. Na 30.ª volta, o McLaren ultrapassou o Mercedes, antes de novo safety car. Ainda assim e apesar da velocidade baixa, Franco Colapinto (Williams) perdeu tração no monolugar e embateu nas barreiras na volta 32, levando a bandeira vermelha. Esteban, Max e Pierre Gasly (Alpine) viriam a aproveitar a paragem para trocar os pneus.

Já sem o desclassificado Nico Hülkenberg (Haas), a corrida recomeçou com Oliver Bearman (Haas) e Zhou Guanyu (Kick Sauber) na relva, mas sem percalços de maior. Mais à frente, Norris também acabou por sair de pista, caiu para trás de Russell, à semelhança de Leclerc, que ficou mais longe do McLaren e do Mercedes. O Haas do norte-americano continuou a registar problemas nas curvas, mas lá continuou em pista, ao contrário de Sainz, que se despistou na curva do laranjinha e obrigou a nova entrada do safety car. No recomeço, Verstappen mergulhou na primeira curva e subiu ao primeiro lugar. Já Norris falhou a travagem, saiu pela escapatória e caiu para o sétimo lugar, embora tenha subido a sexto por troca com o companheiro Oscar Piastri.

Na parte final da prova, o neerlandês manteve o domínio e continuou a colecionar sucessivas voltas mais rápidas, acabando o Grande Prémio do Brasil com 26 importantes pontos. Desta forma, Verstappen voltou a triunfar numa corrida de domingo, algo que já não acontecia desde Espanha, no final de junho, e fez o que nunca tinha sido feito no Brasil: tornou-se no primeiro piloto a vencer depois de começar fora do top 10. Para além disso, Max bateu o recorde de Michael Schumacher e é a partir de agora o piloto com mais dias consecutivos na liderança do Mundial (897). A Alpine também ressurgiu em Interlagos e terminou na segunda e terceira posições, com Pierre Gasly a rubricar o quinto pódio da carreira na sua 150.ª corrida.

Charles Leclerc e Lando Norris acabaram na quinta e sextas posições, respetivamente, e viram Max Verstappen destoar na liderança do Mundial de pilotos. O campeão do mundo tem, assim, 62 pontos de vantagem para Norris (393 pontos contra 331) e 86 para Leclerc, que tem 307. No Mundial de construtores, o pódio mantém-se intacto, embora a Red Bull (544) tenha recuperado a desvantagem face a McLaren (593) e Ferrari (557). A Fórmula 1 regressa dentro de duas semanas, em Las Vegas, no início de mais uma ronda tripla.