A Associação Fénix considerou, esta quinta-feira, desproporcionais e “sem fundamento concreto” as críticas à ministra da Saúde e ao INEM por atrasos na emergência médica, alegando que estão apenas a gerir uma crise que não foi provocada por eles.

Em comunicado, a Associação Nacional de Bombeiros e Agentes de Proteção Civil (ANBAPC) refere que tem vindo a acompanhar as situações referentes a atrasos na resposta dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica, que alegadamente já causaram pelo menos cinco mortes.

A Fénix sublinha que “a situação lamentável que se vivencia na atualidade não é nova”, sustentado que “a precariedade da prestação de cuidados à população já soma anos, do mesmo modo, que soma sucessivos avisos e pedidos de intervenção junto de anteriores tutelas e grupos parlamentares, que pouco ou nada fizeram”.

“Contudo, os atrasos, a deficiente prestação de cuidados, tornaram-se infelizmente rotina em Portugal, situações essas que a Fénix — ANBAPC desde sempre denunciou, mas por motivos que nos são alheios nunca foram objeto de qualquer procedimento corretivo de um sistema que desde há muito alertamos estar a ruir, provocando sofrimento e mortes”, afirma no comunicado.

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Em face destes últimos acontecimentos, a associação defende que devem ser pensadas medidas que promovam a operacionalidade do INEM.

“Nesta senda, parece-nos desproporcional e sem fundamento concreto e objetivo os ataques produzidos à ministra da Saúde e ao atual Conselho de Direção do INEM; I.P., sendo que estes apenas se encontram a gerir uma crise que não foi por eles criada, ainda que na resposta à recusa de cumprimento de horas extraordinárias por parte dos TEPH [técnicos de emergência pré-hospitalar] tenha havido alguma inércia por parte do Ministério da Saúde e do INEM”, salienta a associação.

O PS apelou, esta quinta-feira, ao primeiro-ministro para que avalie se a ministra da Saúde tem condições para se manter em funções, apontando os problemas recentes registados no INEM ou os que se verificaram nas urgências desde o verão.

PS pede que Montenegro “reavalie condições” da ministra da Saúde para continuar

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu, esta quinta-feira, uma “situação grave” no INEM, de necessidade do reforço da resposta, afirmando esperar que a greve seja desmobilizada e que o atendimento seja regularizado.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou, por seu turno, que é preciso encontrar respostas rápidas para os problemas na emergência médica, ressalvando não querer comentar negociações em curso nem casos concretos.

Na quarta-feira, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu a “enorme falta de recursos no INEM” e que as medidas de contingência anunciadas pelo INEM surgem devido à indisponibilidade dos técnicos de emergência pré-hospitalar para fazerem horas extraordinárias.

Além do reforço do dispositivo de emergência médica com ambulâncias de socorro sediadas em corpos de bombeiros e delegações da Cruz Vermelha Portuguesa, anunciado na terça-feira, o INEM vai agora colocar em prática um conjunto de medidas que vão permitir concentrar a atividade dos TEPH nos CODU e meios de emergência, em detrimento de atividades não prioritárias.

Uma dessas medidas passa pela criação de uma triagem de emergência para chamadas com espera de três ou mais minutos.