O Governo está a analisar vários modelos que permitam que o Estado, “não tendo intervenção na companhia”, possa assegurar a manutenção de rotas consideradas estratégicas por parte da TAP, no quadro da privatização. O compromisso foi assumido esta quinta-feira pelo ministro das Infraestruturas durante o debate sobre a proposta orçamental no Parlamento, onde a privatização da TAP foi um tema abordado por quase todos os partidos. E Pinto Luz até revelou que já recebeu mais de uma dúzia de manifestações de interesse da Europa, incluindo de Portugal, e de fora da Europa.

Miguel Pinto Luz foi desafiado pelo deputado da Iniciativa Liberal, Carlos Guimarães Pinto, a indicar cinco rotas estratégicas operadas pela TAP nas quais não existem serviços concorrentes de outras companhias.

“Sei onde quer chegar. O mercado tem fornecedores de serviços em alguma dessas rotas, mas temos visões diferentes. Acreditamos que temos de ter uma companhia de bandeira que assegure a operação para esses destinos”, mesmo que existam alterações no mercado que possam levar ao fim dos serviços prestados por concorrentes. “O Governo português não abdica de termos uma companhia estratégica que, mesmo com mudanças de mercado”, seja possível “impor que aquelas rotas se devam manter.”

Após a insistência da IL, Pinto Luz acabou por referir não cinco, mas quatro rotas estratégicas da TAP: Rio de Janeiro e São Paulo, no Brasil, e Nova Iorque e São Francisco nos Estados Unidos,

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Citando países como a Irlanda, a Espanha e a Itália que asseguraram estas rotas “estratégicas” por escrito, o ministro reafirmou palavras já ditas por Luís Montenegro: “Não faremos a privatização da TAP a qualquer custo”, ainda que exista uma preocupação em maximizar a receita e reaver o que for possível da ajuda dada pelo Estado. Para além das rotas, a manutenção do centro operacional e jurídico (sede) da TAP em Portugal, são outras linhas vermelhas nesta privatização da qual ainda pouco se sabe, para além de compromissos que um deputado socialista comparou a “la paliçadas” (La Palice).

Sobre o calendário, Miguel Pinto Luz afirmou que o Governo quer lançar e concluir a privatização da companhia em 2025. Prometeu tornar públicas as regras da operação quando for aprovado o decreto-lei de privatização que chegou a estar previsto para o final deste ano pelo secretário de Estado das Infrastruturas, mas avisou que não vai discutir na praça pública as negociações que têm existido com os concorrentes.

TAP. Air France-KLM reitera interesse na privatização após “reunião muito positiva” com Governo

A Air France-KLM foi o último grupo interessado a ser recebido pelo Governo, que já ouviu os dirigentes da Lufthansa e do grupo AIG (dono da British Airways e Iberia). “Temos ouvido todas as partes interessadas e posso assegurar que a reputação da TAP é sólida” e que a situação financeira está a melhorar.

Questionado sobre o número de interessados que existe no processo de venda da TAP pelo deputado do CDS Paulo Núncio, o ministro das Infraestruturas indica que já foram recebidas manifestações de mais de uma dúzia de interessados na Europa, incluindo Portugal, e fora da Europa. Isto para além dos três grupos já conhecidos com quem foram públicas as reuniões. “É sinal de que a TAP é apetecível. Temos de ser criteriosos”