Uma das bandeiras hasteadas pelo Partido Republicano ao longo dos vários meses de corrida até à Casa Branca foi o tópico da imigração. “A maior campanha de deportação da história”, disse Donald Trump, juntamente com uma “fronteira forte e poderosa“, não por escolha, mas por necessidade. Agora que recebeu os votos necessários para concretizar a viagem de regresso a Washington D.C, acredita que poderá “trazer o senso comum” de volta para o país.
Ex-funcionários da administração de Trump durante o seu primeiro mandato afirmam que seriam precisos milhares de milhões de dólares e “um governo inteiro” para poder concretizar as propostas avançadas pelo líder republicano. Durante o debate presidencial contra Joe Biden, antes do atual Presidente ter cedido o seu lugar para Kamala Harris, o magnata referiu a presença de mais de 18 milhões de imigrantes ilegais nos Estados Unidos da América (EUA). Apesar não ser possível confirmar esse valor, o debate sobre a quantia monetária necessária para implementar esta “maior campanha de deportação da história” continua a ser extremamente relevante, especialmente agora que Trump irá poder colocar os seus objetivos em prática.
Em entrevista à NBC, cerca de 36 horas depois de ter sido eleito o 47º Presidente dos EUA, a questão foi colocada: quanto é que vai custar este plano? A resposta de Donald Trump, apesar de não esclarecedora em termos de valores, demonstra a urgência sentida pelo republicano. “Não é uma questão de preço, não temos escolha“. Apesar de defender a tal “fronteira forte e poderosa”, o Presidente eleito esclarece que não quer fechar totalmente o acesso dos imigrantes ao país: “Não sou alguém que diga ‘Não, não podem entrar’. Queremos que pessoas entrem”. Mas quando se trata de “pessoas que mataram” e de “traficantes de droga que destruíram países”, afirma que não há outra opção sem ser o regresso para o sítio de onde vieram.
Segundo Trump, esta atenção dada aos problemas associados à imigração foi uma das pela qual conseguiu superar o número de votantes democratas. “Eles querem ter fronteiras e gostam que pessoas entrem, mas têm de entrar com amor pelo país, de forma legal”, indica.
Estas claras divergências nas políticas de imigração entre republicanos e democratas não impediram os dois atuais líderes norte-americanos de felicitarem Trump. Tanto Joe Biden como Kamala Harris telefonaram ao Presidente eleito, conversaram e tiveram chamadas “muito agradáveis e muito respeitosas”, conforme a descrição do candidato vencedor. Com Harris, o diálogo focou-se exatamente na mensagem que a candidata derrotada tentou transmitir no seu discurso pós-eleições, em que reconheceu os resultados e afirmou que queria um processo de transição de poder “o mais suave possível”. Com Biden, o seu oponente em 2020, os detalhes do diálogo não foram revelados, mas adiantou que os dois Presidentes têm um almoço marcado para “muito em breve”.
Adicionalmente, Donald Trump revelou já ter falado com cerca de 70 líderes mundiais, incluindo Benjamin Netanyahu — primeiro-ministro de Israel — e Volodymyr Zelensky — Presidente da Ucrânia —, com quem relata ter tido “conversas muito boas”, mas sem avançar detalhes adicionais. Apesar de ter sido noticiado ao longo dos últimos quatro anos que Trump e Vladimir Putin mantiveram o contacto esporadicamente, revelou, nesta entrevista, que ainda não trocou palavras com o chefe de Estado da Rússia, mas que antecipa um diálogo eventualmente. Apesar de não diretamente, o seu homólogo russo já deu os parabéns ao republicano pela eleição e afirmou estar pronto para dialogar.