O presidente do INEM, Sérgio Dias Janeiro, disse, esta manhã, em entrevista à CNN, que os tempos de espera por socorro “são os piores relativamente a períodos de normalidade e sobreponíveis a outros momentos de greve”. O responsável adiantou ainda que já há, desde a tarde desta quinta-feira, enfermeiros a atender chamadas nos Centros de Orientação de Doentes Urgentes do INEM, uma medida que só deveria entrar em vigor na próxima semana mas que terá sido antecipada para colmatar a falta de técnicos de emergência pré-hospitalar nos quadros do instituto.
Confrontado com a notícia avançada esta quinta-feira pelo Observador, dando conta de que os tempos de espera por socorro (sobretudo em áreas rurais) eram os piores dos últimos cinco anos, o presidente do INEM recusou entrar em detalhes mas admitiu que a realidade é essa. “Confirmo que têm existido períodos de maior stress no sistema, em que os tempos de atendimento e de resposta têm estado aumentados. São os piores [de espera] relativamente a períodos de normalidade e sobreponíveis a outros momentos de greve“, disse Sérgio Dias Janeiro, acrescentando que o instituto que lidera tem neste momento menos 13% de técnicos em relação ao ano passado.
“Nos últimos anos, o saldo entre entradas e saídas tem sido negativo. Tivemos um decréscimo de 13% no efetivo desde o ano passado e isso exige um esforço acrescido dos técnicos de emergência pré-hospitalar para garantir o socorro à população”, sublinhou o presidente do INEM, no cargo desde julho. Para colmatar a falta de profissionais, o INEM avançou com um conjunto de medidas a implementar a breve prazo: uma delas é a integração de enfermeiros nos CODU — uma medida que já começou a concretizar-se esta quinta-feira, assegurou Sérgio Dias Janeiro, e que já está a ter impacto no tempo médio de atendimento das chamadas. “Desde ontem que o atendimento médio já está abaixo de um minuto, mas ainda não é suficiente”, realçou.
Sobre as sete mortes registadas nos últimos dias, alegadamente por falhas do INEM, o responsável revelou que o instituto está a conduzir um inquérito sobre todas essas mortes. “Estamos com um inquérito para analisar todos estes casos e o funcionamento dos CODU durante o período de greve, que será alvo de análise e reflexões muito profundas. Se houver indícios [de falhas], terá consequências”, disse Sérgio Dias Janeiro, não afastando a possibilidade de poder sair do cargo na sequência desse inquérito.
O presidente do INEM garantiu, no entanto, que o concurso que está a decorrer, para a contratação de 200 técnicos de emergência pré-hospitalar, “teve uma ótima adesão”. “Temos ainda mais de 500 candidatos em prova. Faltam as provas físicas e de condução”, adiantou, acrescentando que os profissionais deverão iniciar funções em janeiro.
Sobre a expressão utilizada pela ministra da Saúde Ana Paula Martins, que disse querer refundar o INEM, Sérgio Dias Janeiro explicou que essa intenção será materializada através do reforço de recursos humanos, da renovação da frota (“que está bastante degradada” e vai ser renovada ao longo dos próximos três anos, garantiu) e das infraestruturas e também através de mudanças a nível operacional.