O secretário-geral da CGTP lamentou este sábado que o Governo não perceba a dificuldade da grande maioria da população em chegar ao fim do mês e ter de optar entre pagar a casa ou pôr comida na mesa.

Tiago Oliveira falava aos jornalistas antes do início da manifestação da central sindical que vai decorrer entre o Cais do Sodré e a Praça dos Restauradores, em Lisboa, em que lembrou que 2,7 milhões de portugueses que trabalham não “recebem 1.000 euros de salário bruto”.

“A questão fundamental é que 850 mil trabalhadores, nomeadamente em relação ao salário mínimo nacional auferem não 820 euros, mas sim 730 euros. Era bom que o Governo explicasse a estes portugueses qual é a diferença que 50 euros vai fazer nas suas condições de vida”, sublinhou.

Para Tiago Oliveira, quando fala diariamente com milhares de trabalhadores que o lembram que a prestação da casa no último ano aumentou 25% tudo se complica quando, por exemplo, “vemos na comunicação social os enormes lucros da banca fruto daquilo que é a especulação”.

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“Lembram-me também que é fruto daquilo que é a carga que é colocada em cima de todos nós e a opção de continuar a favorecer aqueles que já têm muito em detrimento do que são a maioria. Estamos perante um Governo que não está, de facto, a responder àqueles que são a maioria”, referiu.

Questionado sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) que vai ser aprovado a 29 deste mês na Assembleia da República, Tiago Oliveira disse que a CGTP “vai estar muito atenta à discussão e ao posicionamento político que os partidos irão ter neste período”.

“Mas, uma coisa é certa: é que no dia 29 quando se realizar a votação final do OE2025 aqueles que hoje apontam erros e aprovam o OE2025, depois não podem vir justificar com as políticas que estão a ser seguidas porque essas políticas que forem aprovadas neste OE terão um impacto muito negativo na vida dos trabalhadores”, frisou.

Cerca de 2.000 pessoas estão a concentrar-se diante da estação de caminhos-de-ferro do Cais de Sodré para uma manifestação promovida pela CGTP para exigir melhores salários e pensões, numa marcha que ira terminar na Praça dos Restauradores, iniciativa que está a ser acompanhada por um forte dispositivo de segurança.

No caderno reivindicativo, a CGTP exige um aumento salarial de pelo menos 15%, num mínimo de 150 euros para todos os trabalhadores a partir de janeiro do próximo ano, bem como o aumento do salário mínimo nacional dos atuais 820 euros para 1.000 euros.

De notar que o acordo assinado em sede de Concertação Social entre a UGT, as quatro confederações empresariais e o Governo, prevê que o salário mínimo nacional suba para 870 euros em 2025. A CGTP ficou de fora do acordo.