Primeiro o D. Filipa de Lencastre e, agora, o Gil Vicente. São já dois os agrupamentos de escolas que enviaram cartas abertas ao Ministério da Educação e à Câmara Municipal de Lisboa a pedir uma solução para a falta de pessoal não docente nas escolas. O objetivo é pôr fim às greves e garantir o regresso “à tão gabada normalidade”, de forma a que os alunos se sintam seguros e as aulas não sejam interrompidas, lê-se na mais recente carta.

“No agrupamento Gil Vicente, a quantidade de auxiliares é claramente insuficiente”, lê-se no documento assinado por cerca de 60 pais e encarregados de educação que foi esta quinta-feira enviado ao Ministério da Educação, ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa e à vereadora da Educação (Carlos Moedas e Sofia Athayde) e, ainda, à presidente da Junta de Freguesia de São Vicente (Natalina Tavares de Moura, eleita pelo PS). A carta também foi remetida ao dirigente da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (Artur Sequeira) e ao vice-secretário-geral da Federação de Sindicatos Independentes da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Helder Sá).

Segundo a mais de meia centena de subscritores da carta, “na escola sede, que acolhe alunos do 5.º ao 12.º ano”, há “crianças mais novas com medo de andar sozinhas nos corredores, bullying, cacifos vandalizados”, tudo porque, referem os encarregados de educação, não existem funcionários a acompanhar os estudantes e a vigiar os espaços.

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O facto de o número de funcionários neste agrupamento não dar a resposta necessária leva a que estes profissionais façam greve, provocando instabilidade não apenas nos alunos, mas também nos pais. Para esta sexta-feira, 15 de novembro, está prevista a oitava greve deste ano letivo e o agrupamento de escolas Gil Vicente “estará provavelmente fechado”.

“Seria ilusório pensar que essa instabilidade e interrupções contínuas não afetam o desenvolvimento dos alunos. São inevitáveis atrasos na aprendizagem, dificuldades em acompanhar o ritmo — matérias interrompidas por longos períodos (caso daquelas greves calendarizadas apenas à sexta-feira) conteúdo condensado sem tempo para assimilar, desmotivação, ansiedade (nos alunos e nos pais), impacto no acesso à faculdade”, lê-se na carta aberta. Os pais salientam ainda que a situação afeta especialmente os “alunos em contextos desfavoráveis, onde o apoio em casa é limitado”, tornando-se a escola uma “causa suplementar de desigualdade”.

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Os pais e encarregados de educação deste agrupamento querem “uma escola onde se aprenda” e onde possam possam deixar os filhos de forma tranquila, sabendo que regressão a casa, “de preferência, com a sua integridade física e moral intactas”.

Assim, pedem ao Governo e à autarquia de Lisboa que haja “empenho num diálogo urgente com sindicatos e associações, cumprindo a sua função e permitindo um regresso durável à tão gabada normalidade”.

Na passada quarta-feira, também o agrupamento D. Filipa de Lencastre fez chegar uma carta aberta às mesmas entidades, apelando à contratação de mais pessoal não docente e à melhoria da carreira destes profissionais.