O Ministério da Economia, com o Banco de Fomento, está a fazer um trabalho de reflexão sobre o futuro da Portugal Ventures, a sociedade pública gestora de fundos de capital de risco, assume Pedro Reis. E, por isso, o ministro da Economia admite que se chegue à conclusão de que é melhor para o interesse público vender participações ou carteiras de fundos.

Na audição no âmbito do Orçamento do Estado para 2025, Pedro Reis disse que tem vindo a abordar o tema com a atual administração do Banco Português de Fomento e outros colegas do Governo. “É preciso parar para pensar: qual o sentido de uma Portugal Ventures, de o Estado investir em participações de capital e especificamente no capital semente ou em áreas de muita expertise que implicam, na própria decisão de investimento, uma consistência dos analistas (…) que pede alguma profundidade e que importa avaliar se existe dentro das equipas da Portugal Ventures e equivalentes”, começou por dizer.

O tema está a ser estudado, não há ainda decisões, mas Pedro Reis diz que é preciso “sermos muito exigentes, frios, racionais e objetivos a pensar se faz sentido o Estado ter participações de capital”. Em cima da mesa estão soluções “híbridas” que introduzam “maior racionalidade”, como fundos de fundos ou coinvestimento, incluindo com pequenas e médias empresas. “É esse trabalho de reflexão que nos propomos fazer.” Pedro Reis respondia ao deputado da Iniciativa Liberal Carlos Guimarães Pinto, que disse que dos 20 fundos reportados nos últimos seis relatórios, 16 tiveram um retorno global negativo. A Portugal Ventures tem perdas acumuladas de 123 milhões de euros, segundo citou o Jornal de Negócios, mas o número pode ser superior.

Perante a insistência de Guimarães Pinto sobre se considera a possibilidade de privatização do portefólio da Portugal Ventures e mesmo a extinção, Pedro Reis respondeu que é “um dos cenários que tem de se colocar”.

E acrescentou: “Sim, é possível um cenário em que nós assumamos, no tempo e protegendo a saída, consideremos a venda de participações ou de carteiras. Teremos de ver. Não estou a dizer que vai ser a solução mas recuso-me a descartá-la como opção”.

Mais tarde na audição viria a reforçar a ideia para clarificar a posição do Governo. “Devemos ponderar um cenário em que haja algumas participações que não faça sentido e colocar a Portugal Ventures cada vez mais numa estratégia de coinvestimento, fundos de fundos, reciclá-la, revitalizá-la, repensá-la”.

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