A associação 25 de Abril decidiu não participar nas comemorações do 25 de Novembro. A organização liderada pelo capitão de Abril Vasco Lourenço comunicou ao Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, que não aceitou o seu convite para estar na sessão solene que vai acontecer no Parlamento, não se fazendo representar nessa cerimónia.
Na nota a que o Observador teve acesso, assinada por Vasco Lourenço, a associação diz não contestar o direito da Assembleia da República de decidir livremente sobre “os atos que quer praticar”, referindo-se à sessão solene que será celebrada no 25 de Novembro. Ainda assim, considera que esta decisão “provoca uma enorme e clara deturpação” dos acontecimentos históricos — e acrescenta que “a História é a História, não pode ser deturpada, ao sabor da vontade de qualquer conjuntural detentor do poder”.
No mesmo texto, a associação defende que os “saudosos do passado” se foram aproveitando das oportunidades que a democracia lhes foi proporcionando para “se não regressar ao passado, pelo menos destruir os valores do 25 de Abril e construírem uma sociedade limitada e controlada”. “Eles sempre estiveram e continuam a estar presentes entre nós”, escreve a associação.
Para a organização liderada por Vasco de Lourenço, “nenhum dos acontecimentos posteriores” pode comparar-se ao 25 de Abril. “Todos os acontecimentos posteriores, que se caracterizaram por tentativas de impedir o caminho traçado pelo programa do MFA e dos seus valores, acabaram por ser vitórias do MFA e do povo, apesar do juízo que hoje se possa fazer sobre o caminho que foi seguido”, diz, garantindo que esses momentos-chave, incluindo o 25 de Novembro, sejam “evocados”.
“Mas nunca admitiremos que qualquer deles se sobreponha ou pretenda igualar à comemoração do 25 de Abril de 1974. A História não pode ser deturpada. Nós, os principais responsáveis pela consumação do 25 de Abril, com a aprovação da Constituição da República, não o permitiremos!”. A posição da associação é, assim, que datas como o 28 de Setembro, o 11 de Março e o 25 de Novembro devem ser evocadas, desde que nesses momentos “não se desvirtue o passado” nem “se procurem atingir, passados 50 anos, os objetivos que os inimigos do Programa do MFA e da Liberdade não conseguiram, na altura, alcançar”.
Em junho, e por proposta do CDS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal aprovaram uma iniciativa para passar a comemorar o 25 de Novembro na Assembleia da República. Os partidos mais à esquerda ainda não decidiram se marcarão presença.