O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse, numa entrevista ao jornal brasileiro Folha de São Paulo, que o tempo lhe tem dado “razão” sobre o “não é não” que impôs ao Chega. O presidente do PSD acusou o partido de André Ventura de “radicalismo e imaturidade”, uma linha que, acrescenta Montenegro, torna um acordo com os sociais-democratas impossível.

Sobre a política de imigração, Luís Montenegro referiu que o Governo tem um compromisso com a “inclusão e integração”, valores que são “parte fundamental” da identidade de Portugal. “Temos mantido uma abordagem flexível para regularizar os imigrantes que procuram o nosso país, reconhecendo a sua contribuição social, económica e cultural. Portugal precisa de imigrantes, sobretudo jovens e família”, assinalou.

“O objetivo será sempre manter uma política de imigração que continue a ser justa, segura e humanista”, prosseguiu Luís Montenegro, que reiterou o “compromisso do Governo” com o acordo de mobilidade da Comunidade de Países de Língua Portugal (CPLP). Interrogado sobre os episódios de xenofobia em relação a imigrantes brasileiros, o primeiro-ministro reconheceu que a discriminação é “preocupante”. “Independentemente da nacionalidade ou classe social, todos devem ser tratados com dignidade. É um valor constitucional e dele não abdicamos.”

No que diz respeito à Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA), o chefe do Executivo destacou que, em 2025, uma das prioridades do Governo passará pela “reorganização das competências das instituições com responsabilidades nas áreas de migrações, asilo e fronteiras”. “É preciso estabilizar este ordenamento, bem como eliminar entropias e conflitos de competências entre organizações”, frisou.

Na entrevista, Luís Montenegro abordou ainda a privatização da TAP, garantindo que existem “muitos operadores interessados no processo de privatização”. “Qualquer dos interessados reconhece que o interesse na privatização da TAP decorre precisamente do reconhecimento que a empresa adquiriu nas rotas onde opera”, prosseguiu o líder do Governo, destacando que não há “qualquer racionalidade económica em reduzir o valor desse ativo estratégico e, consequentemente, em reduzir rotas”.

“De qualquer forma, alguns dos critérios que iremos assegurar neste processo de privatização serão a manutenção das ligações aéreas nacionais para as regiões com as quais temos fortes laços históricos e onde verificamos uma forte presença da diáspora portuguesa”, assegurou Luís Montenegro.

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