A Associação de Jazz de Leiria (AJL) decidiu manter como presidente um dos professores que foi afastado do Hot Clube, escola de jazz em Lisboa, após uma denúncia de assédio por parte de uma aluna, e depois de saber que este é um dos nomes mais mencionados no canal de denúncias de assédio na música, como reportou o Observador na última semana.
Numa publicação nas redes sociais, a associação vem esta segunda-feira informar que reuniu com o visado, que colocou “o lugar de Presidente da AJL à disposição”, mas que “a maioria deliberou pela não destituição do Presidente”.
O presidente da Associação “nunca foi alvo de qualquer queixa por parte de docentes ou alunas da Escola de Jazz de Leiria, nunca tendo sido relatados quaisquer comportamentos menos próprios atribuídos ao visado ou outros elementos do corpo docente da Escola de Jazz de Leiria (EJL)”, que depende da Associação Jazz de Leiria, pode ler-se no comunicado.
Para a associação, “as situações relatadas nas redes sociais sobre os abusos cometidos na comunidade do jazz em Portugal devem ser levados à justiça com a maior celeridade possível, apurando-se, no local próprio, as devidas responsabilidades”.
Em causa estão as denúncias de assédio que visam o presidente da Associação Jazz de Leiria, que também é diretor pedagógico da Escola de Jazz de Leiria, diretor artístico e maestro da Orquestra Jazz de Leiria e professor do departamento de música da Universidade de Évora. O silêncio, até então, das instituições de Leiria levou Paulo Jorge Batista Santo, músico na Orquestra de Jazz de Leiria e professor da Escola de Jazz de Leiria, a cessar funções com ambas as entidades.
Na sequência da acusação de violação da DJ Liliana Cunha (nome artístico Tágide) contra o pianista João Pedro Coelho, o Hot Clube, importante clube de jazz que tem associada a Escola de Jazz Luiz Villas-Boas, fez saber que no ano letivo de 2021/2022 havia afastado dois professores por “situações de assédio”.
Um desses professores afastados da escola do Hot Clube, noticiou o Observador, é “um dos nomes mais focados” no canal de denúncias que surgiu no contexto do movimento que apela à denúncia sobre assédio sexual no seio da música.
Com o comunicado divulgado esta segunda-feira nas redes sociais, esta é a primeira vez que a Associação Jazz de Leiria se pronuncia sobre o caso que tem abalado a comunidade jazzística. No texto partilhado, a associação sublinha que o presidente prestou “todos os esclarecimentos solicitados” em reuniões internas e que “tem reunido amiúde com o objetivo de criar todas as condições internas para que a sua atividade decorra com a normalidade e qualidade que têm sido constantes até hoje”.
O Observador tentou contactar o presidente da Associação de Jazz de Leiria, sem sucesso.