Miguel Prata Roque, candidato à presidência Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, questionado sobre a possibilidade de uma solução consensualizada ao cargo, não concorda com a existência de “consensos balofos” por considerar importante que nos partidos haja “alternativas e visões distintas“. Além disso, discorda que as eleições sejam apenas para o cargo de presidente e promete um “programa de ação estratégica que substituirá a moção global de estratégia que foi aprovada no congresso federativo”.

Em entrevista ao programa Direto ao Assunto, da Rádio Observador, Prata Roque defende que “tem de haver uma reorientação estratégica e também do discurso político” do PS e sublinha que tem “ideias próprias“. “Sou contra consensos balofos, não estou cá para isso, estou cá para agregar as pessoas, debater e transigir, reconhecer que os outros podem ter razão em determinada questão. Mas é muito importante para os partidos que haja alternativas e visões distintas relativamente ao programa que se pretende executar”, explicou o socialista.

O candidato à FAUL falou ainda sobre populismos, sublinhando que “os dados não confirmam a sensação de insegurança e não confirmam que os imigrantes vivam à conta dos portugueses, pelo contrário”. “As perceções de segurança são emoções e é muito fácil manipular as emoções, o medo, a aversão ao que é diferente de nós. E um partido como o PS tem de saber fazer esse discurso da objetividade, mas ao mesmo tempo da emoção”, explicou, frisando que é preciso não esquecer que “as pessoas estão zangadas com a política e com a vida”.

“Não é ser de esquerda tolerar a desordem ou o desrespeito pelas forças policiais, não é de esquerda apenas incluir aqueles que são imigrantes, mas não incluir também aqueles que cá estão e que precisam de proteção por parte do Estado social”, enumera o socialista, atirando também que “um partido de esquerda não pode achar normal que vivam 40 pessoas vindas do Paquistão ou do Nepal num apartamento T2 na Almirante Reis”. “Isso indigna-me enquanto socialista e enquanto ser humano”, realça o candidato à líder do PS/Lisboa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Miguel Prata Roque vai ser candidato à presidência da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS

Miguel Prata Roque entende que “o discurso da exclusão, da raiva social, de cavar trincheiras entre eles e nós potencia o confronto” e considera que “esse confronto é despertado por forças autoritárias que querem espalhar a desordem pública para depois dizerem que é preciso ter um Estado mais musculado e dar mais poderes à administração pública, à polícia e ao exército”.

“Aqueles que despertam a raiva, a desordem pública e o caos social depois apresentam-se como [salvação]”, refere, argumentando, mais uma vez, que “os dados não confirmam a sensação de insegurança, não confirmam que os imigrantes vivam à conta dos portugueses, pelo contrário” e defendendo que a lei portuguesa já determina regras para entrada e permanência no país.