Oito em cada dez homens mortos no Brasil por armas de fogo são negros, segundo um estudo divulgado, esta quarta-feira, pela Organização Não-Governamental (ONG) Instituto Sou da Paz.

Os dados recolhidos no estudo “Violência Armada e Racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial” indicam que, além da alta mortalidade por arma de fogo, os homens negros representam 68% das pessoas atendidas no sistema de saúde em resultado de algum tipo de agressão armada.

Os homens jovens entre 20 e 29 anos e os adolescentes com idade entre 15 e 19 anos são os que sofrem as mais altas taxas de homicídio por arma de fogo, já que as taxas são quase duas e três vezes superiores à taxa média de homicídios masculinos, respetivamente.

O estudo traçou um panorama do impacto da violência armada na vida dos homens brasileiros e utiliza como banco de dados as informações do Ministério da Saúde, por meio do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), consolidados para o ano de 2022.

Segundo a ONG, as armas de fogo foram as responsáveis por quase 38 mil mortes anuais de homens no Brasil entre 2012 e 2022. Esse número indica que para cada três homens assassinados no Brasil dois são mortos por armas de fogo.

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“A desigualdade racial está no cerne da mortalidade por arma de fogo no país”, afirmou a diretora executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo.

“A violência armada que atinge sobretudo os homens negros é uma realidade que permanece ao longo do tempo e reflete as vulnerabilidades estruturais que afetam a população negra”, acrescentou.

Esta quarta-feira, o Brasil comemora o primeiro feriado nacional da Consciência Negra e, além do impacto da violência armada contra a população negra, o Instituto Data Folha divulgou uma sondagem na qual se conclui que a maioria dos brasileiros diz acreditar que a maior parte do país é racista.

O Datafolha ouviu 2.004 pessoas, de 16 anos ou mais em 113 municípios de todas as regiões do Brasil, entre 5 e 7 de novembro, para questionar a percentagem da população que discrimina negros pela cor da pele.

Para 59% dos entrevistados, a maioria dos brasileiros é racista, enquanto outros 5% dizem que todos são racistas. Para 30%, uma menor parte da população do país é racista e, para 4%, ninguém o é.

A perceção de que a discriminação racial aumentou no Brasil nos últimos anos atinge 45% dos entrevistados, enquanto 35% disseram que permaneceu igual e 20% avaliaram que o racismo tem diminuído.