A União Europeia (UE) arrisca perder terreno em África para a Rússia e para a China, referiu, esta quarta-feira, em Lisboa, Suzi Barbosa, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau à margem da 5.ª edição do África XXI.
“A União Europeia (UE) continua a ser o principal parceiro de África, tanto é que é o principal financiador da União Africana”, porém, devido à burocracia europeia, “arrisca-se a perder terreno em África”, disse Suzi Barbosa.
Para Barbosa, “hoje em dia”, existem dois grandes atores: a Rússia e a China.
“A Rússia não é um novo ator. É um país que apoiou muitos países africanos na sua independência e que agora volta”, disse, acrescentando que, no caso da China, este país, “este, sim, novo”, utiliza estratégias que estão a permitir ganhar terreno em África “nomeadamente através do Fórum de Cooperação China-África (Focac), que tem feito financiamentos muito grandes para o desenvolvimento”.
Entre os fatores de diferenciação apontados, Suzi Barbosa referiu que a China tem conseguido implementar-se, cada vez mais, como o primeiro parceiro de África “pela sua flexibilidade e falta de burocracia”.
Estas declarações foram feitas à margem da 5.ª edição do África XXI, evento organizado pelo Instituto para a Promoção da América Latina e das Caraíbas (IPDAL) em parceria com a Fundação Friedrich Naumann para a Liberdade e a Atlântica — Instituto Universitário.
Questionada pela Lusa sobre a atual situação política na Guiné-Bissau, Suzi Barbosa não quis prestar declarações.
A Guiné-Bissau está a viver uma crise política, após o Presidente da República ter dissolvido o parlamento em dezembro de 2023, sem que tivessem passado seis meses após as eleições legislativas, como determina a Constituição, e ter formado um Governo de iniciativa presidencial.
Consequência da dissolução, Sissoco Embaló marcou eleições antecipadas para 24 de novembro e, a poucas semanas da data, anunciou o adiamento por falta de condições.
O chefe de Estado iniciou, terça-feira, o processo de auscultação para a remarcação das eleições, com a advertência da CNE de que é preciso respeitar um prazo legal mínimo de 90 dias.
Sissoco Embaló defende que o mandato só terminará em setembro de 2025, tendo em conta a data da decisão judicial acerca do diferendo sobre os resultados eleitorais, pelo que entende que as eleições devem ser em novembro de 2025.
A oposição defende que, constitucionalmente, o Presidente já devia ter marcado as presidenciais para que, quando terminar o mandato em fevereiro, o Presidente eleito possa tomar posse, caso contrário existirá uma “vacatura” na Presidência da República.