Depois da paragem para as seleções, regressou o futebol de clubes. O Benfica recebeu e atropelou o Estrela da Amadora no Estádio da Luz. Os encarnados entraram com tudo na partida e, com menos de dois minutos de jogo, Ángel Di María começou a abrir o livro.

Numa jogada que começou num lançamento rápido de Alex Bah, o argentino entrou na área, tentou cruzar de letra, viu a bola ressaltar num adversário e, com um remate de rápida execução, atirou cruzado para o fundo da baliza de Meixedo logo aos dois minutos de jogo. Marcaria mais dois tentos, determinantes para o resultado final: sete bolas contra zero do Estrela da Amadora.

O Benfica chegava a este jogo depois de ter goleado o rival FC Porto no último encontro antes da paragem (4-1) e estava totalmente galvanizado para seguir o caminho rumo ao Jamor. De igual modo, o Estrela da Amadora chegava à Luz depois de ter batido o Nacional e colocado fim a um jejum de dois encontros (2-0). Apesar de as primeiras eliminatórias serem mais propícias a uma maior rotação da formação mais forte, o último embate entre as duas equipas, a contara para o campeonato servia de aviso para Bruno Lage.

Essa partida remonta ao passado mês de agosto e, só por aqui, percebe-se que terá sido noutra realidade. Na altura, Roger Schmidt e Filipe Martins eram os timoneiros ao serviço dos dois emblemas e as águias acabaram por confirmar o favoritismo com grande dificuldades, valendo um golo de Orkun Kökçü (1-0).

Desde então, muito mudou no Benfica e no Estrela da Amadora, a começar pelas chegadas de Bruno Lage e José Faria. Os dois treinadores deram a volta à situação negativa e, até ao momento, encarnados e tricolores continuam a lutar pelos seus objetivos.

“Temos de dar uma boa resposta e fazer um bom jogo, à imagem do que temos feito, porque vamos encontrar um adversário muito competente. Não vi o jogo que o Benfica fez com o Estrela da Amadora, mas tenho visto as performances da equipa, e têm demonstrado muita qualidade. Temos de estar no nosso melhor“, assumia Lage na antevisão, deixando de parte uma eventual rotação no onze inicial.

Mesmo assim, o Benfica entrou em campo com cinco caras novas em relação ao onze que tinha defrontado o FC Porto e com novidades em todos os setores — Samuel Soares, António Silva, Benjamín Rollheiser, Jan-Niklas Beste e Arthur Cabral —, confirmando ainda a disponibilidade de Tomás Araújo. Não seria isso a retirar força aos encarnados.

Depois de abrir o marcado aos dois minutos, Di Maria voltou a mostrar toda a sua qualidade e, num lance que mais parecia retirado de um areal, aumentou a vantagem com um pontapé bicicleta perfeito à entrada da área (5′). Um golo de antologia.

A formação da Amadora reagiu bem aos dois golos de rompante e, na primeira ocasião que teve, Samuel Soares teve de se aplicar perante um remate forte de Rodrigo Pinho (10′). Na sequência do lance, Ferro apareceu na área a cabecear, mas a bola saiu ao lado (12′).

Apesar das ameaças, Miguel Lopes meteu água na defesa e acabou por originar mais um golo… de Di María. Aursnes recuperou a bola, cruzou atrasado para o argentino que, depois de simular perante três adversários, rematou de pé direito para o hat-trick (18′). O Estrela da Amadora voltou a responder bem, com o avançado ex-Benfica a aparecer novamente em zona perigosa, mas desta feita a cabecear ao lado (23′).

Na reta final da primeira parte, a equipa de José Faria continuou a tentar impor o seu jogo e a explorar a profundidade, mas as águias revelaram-se mais acutilantes no ataque. Álvaro Carreras começou a aparecer no corredor esquerdo e, numa jogada em que tabelou com Arthur Cabral, surgiu a rematar em zona de perigo, mas Meixedo respondeu com uma grande intervenção (28′).

Na resposta, Nilton Varela tentou o golo com um remate forte de longo, mas Samu voltou a defender (34′). Até ao intervalo, o avançado brasileiro do Benfica reaparaceu na partida ao não conseguir completar mais um cruzamento fulminante de Bah (37′) que, na compensação, voltou a ver um desperdício depois de um passe seu, agora de Beste (45+1′).

Cumprida a homenagem a Nené, que chegou esta semana aos 75 anos, o Benfica apareceu na segunda parte com Kerem Aktürkoglu no lugar de Beste, ao passo que o Estrela da Amadora remendou o ataque, com André Luiz e Kikas, e a defesa, já que Ferro cedeu o seu lugar a Giorgi Tunguliiadi.

As alterações estiveram de perto de dar frutos, não fosse Samu ter negado o golo a André Luiz com uma grande intervenção com o corpo (52′). Na ressaca desse lance, Arthur continuou à procura do golo, teve nos pés duas flagrantes oportunidades, mas voltou a vacilar (55′ e 57′).  O brasileiro acabou por se redimir, arrancou de rompante para a baliza, deixou para Di María, serviu como elemento de ligação e o argentino assistiu Kerem Aktürkoglu para mais um golo (59′).

A partir daí as substituições tomaram conta da partida, com destaque para a estreia do “menino” Leandro Santos, mas Arthur Cabral continuou à procura do golo e, após mais um grande cruzamento de Carreras, rodou bem sobre o opositor e atirou rasteiro para nova defesa de Meixedo (66′). Pouco depois, o avançado tabelou com Kökçü, deixou-lhe a bola em zona de finalização, mas o remate do turco saiu ligeiramente ao lado (69′).

Na fase final do encontro, Kökçü fez um grande passe para Amdouni que, isolado, tirou de Meixedo e acrescentou mais um golo ao marcador (81′). Pouco depois, Andreas Schjelderup tentou cruzar, a bola desviou num defesa e, com o corpo todo no ar e de costas para a baliza, Arthur chegou ao tão procurado golo com um fantástico pontapé (86′).

A fechar, Florentino tentou de longe, Meixedo não segurou e o avançado brasileiro chegou a tempo do bis (90′). Com esta vitória, o Benfica está nos oitavos de final, onde vai defrontar o Farense, no Algarve.