Centenas de bombeiros sapadores estiveram esta segunda-feira a fazer um protesto em Lisboa, perto da sede do Governo, e a reportagem do Observador no local confirmou que os ânimos estiveram exaltados. Em causa está a valorização da carreira, que os bombeiros sapadores dizem não ser revista há mais de 20 anos, e o aumento de subsídios como o de risco.
Durante o protesto, os manifestantes lançaram petardos e gritaram palavras de ordem como “aldrabões” e “vergonha”. Nos cartazes é ainda possível ler “já que não têm noção, tenham respeito”. Foi também ouvido o som de várias sirenes enquanto decorria a reunião com as estruturas sindicais.
“Estamos aqui a lutar pela carreira, cuja última valorização foi em 2002. Estamos a chegar a um ponto sem retorno. Não pedimos nada do outro mundo, apenas o que é justo”, disse à Lusa Ricardo Ribeiro, do Regimento de Sapadores de Lisboa.
Na reunião com os representantes do Governo — secretário de Estado da Administração Pública e secretário de Estado Local — estiveram seis sindicatos e as negociações serão retomadas no próximo dia 3 de dezembro. Os manifestantes desmobilizaram por volta do meio-dia.
Pelas 11:30, quando os elementos dos sindicatos saíram da reunião o barulho regressou, com o lançamento de alguns petardos e novamente gritos de “respeito” e “vergonha” pela proposta apresentada pelo Governo.
“Novamente as propostas ficam aquém, mas já há uma melhoria”, anunciou Leonel Mateus, vice-presidente do Sindicato Nacional de Bombeiros Sapadores.
Segundo o sindicalista, o Governo decidiu que a discussão dos suplementos ficará para a próxima reunião, mas “a nível de salários fica muito aquém”. Para o representante sindical, os aumentos propostos pelo executivo para os próximos dois anos de 40 euros anuais: “é inadmissível”.
O dirigente acrescentou que regressarão à mesa de negociações no dia 03 de dezembro, com a promessa de “não mexer uma vírgula” nas reivindicações.
Bombeiros prometem novas formas de luta caso não encontrem margem negocial
Os bombeiros voltam a reunir-se na próxima semana com o Governo, mas avisaram que “não aceitam migalhas” e avançarão para novas formas de luta caso não haja abertura negocial no próximo encontro.
No final da reunião negocial, o sindicalista Ricardo Cunha anunciou aos colegas as propostas apresentadas pelo Governo, sendo recebidas com apupos e palavras com “vergonha” e “respeito”.
“Nós pedimos, pelo menos, um tratamento igual às outras forças de segurança”, disse à Lusa Ricardo Cunha, presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores, dizendo ter-se sentido “ofendido enquanto bombeiro” com as propostas do Governo.
Os bombeiros querem ter um horário semanal de 35 horas, sendo que “em média, trabalham 45 horas por semana”, pedem que os suplementos passem a ser pagos 14 meses em vez de 12, e que haja um aumento dos suplementos de 30% sob o salário base, segundo Ricardo Cunha.
O Governo, acrescentou o sindicalista, “diz que não pode atender ao pedido do aumento dos suplementos, e a proposta que apresenta é de um aumento de 5% em 2025 e de 10% em 2026”.
Governo e bombeiros sapadores iniciam processo para rever estatuto profissional
“Querem dar-nos um suplemento de disponibilidade permanente de 50 euros, que significa poder ser requisitado a qualquer hora do dia e a qualquer dia da semana”, acrescentou Ricardo Cunha, dizendo que este subsídio de função engloba três subsídios.
No final da reunião, dezenas de bombeiros desceram até ao Campo Pequeno e num encontro informal voltaram a exigir “respeito”, tentando mobilizar os colegas para estarem novamente presentes na próxima reunião, que ficou agendada para 3 de dezembro.
“Dia 3 é o nosso último dia. Eles dizem que querem negociar. Se há hipóteses para negociar, tudo bem. Se não há, acabou-se. Então vamos para outras formas de luta”, gritou o bombeiro dos sapadores de Lisboa Ricardo Ribeiro, que foi fortemente aplaudido pelos colegas.
“Em vez de sermos nós atrás deles a pedir migalhas, têm de ser eles a vir atrás de nós”, defendeu Ricardo Ribeiro, recordando que a carreira não é valorizada desde 2002, quando os bombeiros em início de carreira recebiam o equivalente a “dois ou três salários mínimos nacionais e hoje, sem os subsídios, recebem abaixo do salário mínimo”.
A maioria dos bombeiros que participou no protesto estava fardado, mas também havia elementos com t-shirts pretas onde se liam frases como “sapadores sem luta” ou “não há bombeiros”.
Ricardo Ribeiro lembrou que são cada vez menos os candidatos à profissão, em parte devido aos baixos salários e más condições de trabalho: No início do século, concorriam mais de mil pessoas para as vagas em Lisboa que rondavam as 80. Atualmente, “há 60 vagas, para as quais concorrem apenas 54 elementos”, contou.
“Já que não têm noção…tenham respeito” era um dos cartazes da manifestação que começou ruidosa com palavras de ordem como “respeito” e “vergonha” e lançamento de petardos.
“Novamente as propostas ficam aquém, mas já há uma melhoria”, anunciou Leonel Mateus, vice-presidente do Sindicato Nacional de Bombeiros Sapadores, acrescentando que regressarão à mesa de negociações dentro de uma semana, mas prometendo “não mexer uma vírgula” no seu caderno reivindicativo.