As associações de comerciantes do centro histórico de Lisboa aplaudem a aposta nas iluminações e animações na época de Natal e acreditam numa maior afluência de visitantes, mantendo, contudo, expectativas contidas sobre as vendas.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Valorização do Chiado refere que existe um clima de receio devido à “instabilidade a nível internacional” sentida na Europa e teme que esse contexto possa vir a influenciar o comércio na época festiva.

Victor Silva acredita, contudo, que se possa ver este ano uma melhoria da dinâmica vivida no centro da capital, já que existem mais animações pela Baixa que hão de atrair mais pessoas para a zona, onde as iluminações de Natal estão acesas desde sábado.

Uma das grandes apostas para esta quadra, afirma, é a expansão das iluminações para a Rua Ivens, o Largo Rafael Bordalo Pinheiro e o Largo do Carmo, de forma a levar as pessoas a “circular mais por esses pontos e não tanto só na Rua Garrett”.

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“Há que atrair os portugueses. Esta questão das iluminações, de algumas dinâmicas culturais que criam… Convidar as pessoas a vir novamente ao Chiado, à Baixa, ao centro histórico, tem muito a ver com a nossa cultura e tradição. Penso que algo está a ser feito nesse sentido”, diz.

A nível de vendas, Victor Silva indica que “o ano passado foi um ano relativamente fraco”, destacando que “não houve uma retoma depois do período de covid” – as pessoas, tanto portugueses como estrangeiros, “ficaram menos consumistas”, o que leva o representante a referir que uma maior afluência de pessoas não irá necessariamente traduzir-se num aumento de vendas.

A permissão legal de haver saldos várias vezes por ano é, no seu entendimento, “um exagero” que dispersa o consumo: “Acaba por não haver os verdadeiros saldos.”

Já o presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP), Manuel de Sousa Lopes, afirma estar esperançoso para esta época de Natal, esperando que “corra tudo de forma harmoniosa” e que neste período se consiga aumentar o volume de negócios.

Se a situação de vendas se mantiver a mesma de 2023, então pode-se, segundo o representante, considerar que 2024 foi “um período razoável de negócio”. Na sua perspetiva, quaisquer aumentos em relação a 2023 são sempre bem-vindos.

Ainda assim, o presidente da ADBP acredita que este ano possa vir a “exceder perspetivas”, referindo que com o aumento, mesmo que reduzido, dos valores das pensões e dos ordenados dos consumidores, possa haver um aumento das vendas.

Lembrando que “Lisboa está na moda”, e considerando que o comércio na zona da Baixa “não é bem um comércio de ‘shopping'”, pelo que o clima tem influência no negócio, Victor Silva assume que sem os turistas não haveria maneira de sustentar o comércio, dada a pouca afluência de residentes.

Manuel de Sousa Lopes afirma mesmo que “não existe turismo a mais”, esperando receber visitantes “em quantidades muito razoáveis” este Natal, seja para “verem as iluminações nas ruas ou as festas no Terreiro do Paço”.

“Este tipo de dinâmicas é que atrai as famílias”, corrobora Victor Silva.

O presidente da ADBP realça a importância de existirem “transportes mais fiáveis para levar pessoas à Baixa Pombalina”, uma medida implementada pelo município de Lisboa no sábado, com duração até 23 de dezembro — em algumas zonas da cidade é oferecido o estacionamento em parques, bem como ‘shuttles’ da Carris para transportar, de forma também gratuita, quem queira visitar a zona da Baixa-Chiado nesta quadra natalícia.